Brasil foi o país onde os preços dos alimentos mais subiram na pandemia

Informação é de estudo inglês com dados do Banco Mundial

Por Nicolas Paganini

09/04/2021 às 08h22 - Atualizada 09/04/2021 às 08h23

Um dos maiores desafios durante a pandemia tem sido economizar nas compras. Mesmo produtos básicos, como arroz e feijão, subiram muito de preço nos últimos meses. Por sua vez, 62% da população viu a renda diminuir no período, segundo o Datafolha.

A variação nos valores não pegou apenas os brasileiros de surpresa. Em várias regiões do mundo, a inflação tem feito as pessoas redobrarem os cuidados nos supermercados. No entanto, de acordo com estudo da Universidade de Oxford com dados do Banco Mundial, o Brasil foi o país onde os preços subiram mais depressa.

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Para se ter uma ideia, no começo de 2020, era possível encontrar pacotes de arroz de cinco quilos por R$ 15. Em setembro, o mesmo produto era vendido por até R$ 40 em algumas cidades. Ainda que o aumento não seja igual em todas as localidades, o fato de a inflação tão forte itens do dia a dia preocupa os consumidores.

Por que a inflação tem sido forte no país?

Embora a pandemia do coronavírus esteja afetando mais o Brasil, a inflação no preço dos alimentos não está diretamente relacionada com isso. Na verdade, a escalada nos valores começou no ano passado, quando o real se desvalorizou ainda mais frente ao dólar.

Consequentemente, os produtos brasileiros se tornaram mais baratos para outros países. Isso fez com que os produtores privilegiassem mais as exportações do que as vendas internas, o que diminuiu a oferta no país e ajudou na variação de preços.

Além do mais, outros fatores contribuíram para que a cesta básica encarecesse. Em 2020, alguns países da Ásia, como Tailândia e Vietnã, enfrentaram uma grave crise hídrica que prejudicou a produção e exportação de arroz. Dessa forma, países como o Brasil se destacaram no mercado internacional.

A grande questão é que a aceleração nos preços não foi acompanhada do aumento da renda — muito pelo contrário. Parte significativa da população perdeu a renda e até o emprego por causa da pandemia, o que tem feito com que a inflação seja sentida com um peso ainda maior.

Segundo matéria publicada pela CNN, a inflação e a pandemia podem fazer com que o Brasil volte para o Mapa da Fome, um levantamento feito pela ONU. Os países entram nessa estatística quando 5% da população vive de subalimentação.

Foto: Pixabay

Como os preços irão se manter em 2021?

Ainda é cedo para determinar como os preços irão se manter em 2021. Mas, diante da aceleração de 2020, é importante que os consumidores se mantenham atentos.

Alguns alimentos podem ser reajustados ou subir mais lentamente — até porque, já sofreram uma grande alta nos últimos meses. Esse é o caso do arroz, responsável por várias discussões em 2020. Um pacote do produto, que era encontrado com facilidade por mais de R$ 20, agora está custando em média R$ 18,99, de acordo com o Folheto Extra. Já a embalagem de um quilo pode ser encontrada por R$ 3,89 no Tenda Atacado.

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Caso o câmbio se mantenha estável e não haja outras intercorrências, como crise na produção de algum alimento, há a possibilidade de os alimentos não sofrerem tantos aumentos. De qualquer forma, atualmente, pesquisar os preços é a única arma dos consumidores para evitar os valores abusivos.

Como visto, os consumidores brasileiros são os que mais têm sofrido com a inflação durante a pandemia, segundo estudo inglês. Entre as principais causas disso estão o aumento das exportações, que favoreceu o mercado internacional, mas diminuiu a oferta para o interno. Para 2021, o cenário ainda é de incerteza, então, é importante ficar de olho para evitar gastar a mais.

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