Festival Sala de Giz de Teatro tem início neste sábado

Segunda edição do festival apresentará 18 peças em plataformas digitais até o próximo dia 11, além de oficinas e outras atrações


Por Júlio Black

01/04/2021 às 07h00

Lume Teatro, de Campinas (SP), terá a peça “O que seria de nós sem as coisas que não existem” na próxima segunda-feira (5) (Foto: Divulgação)

Planos são pensados para serem alterados quando necessário. Com a pandemia do novo coronavírus, adiar e adaptar o que estava planejado se tornou comum. É o que aconteceu com o pessoal da companhia teatral Sala de Giz, que dá início no próximo sábado à segunda edição do Festival Sala de Giz de Teatro, inicialmente previsto para o ano passado mas adiado para 2021. Com isso, a trupe aproveita para celebrar seu aniversário de 5 anos, que serão completados na segunda-feira (5).

Serão apresentados até o próximo dia 11 um total de 18 espetáculos e duas experimentações on-line ao vivo, além de quatro oficinas, dois encontros-vivências e mais oito bate-papos. Segundo um dos responsáveis pela organização do festival, Felipe Moratori, as 18 peças poderão ser assistidas pelo canal do Sala de Giz no YouTube. Porém, apesar de os espetáculos serem gravados, eles estarão disponíveis apenas no horário marcado pela programação, a fim de manter um pouco do espírito das apresentações presenciais.

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Ainda de acordo com Felipe, as únicas apresentações ao vivo serão as duas experimentações on-line. Uma delas é a que abre o festival: “12 pessoas com raiva”, do Pandêmica Coletivo Temporário de Criação, será transmitida no sábado, às 20h, pelo aplicativo Zoom. A outra é “Tudo o que coube numa VHS”, dos pernambucanos do Grupo Magiluth, que será exibida em 10 de abril, entre 18h e 22h, com transmissões de cerca de 30 minutos pelo WhatsApp. A programação pode ser conferida nas páginas do grupo no Facebook e Instagram (@saladegiz).

A atriz Inês Peixoto apresenta o monólogo “Órfãs de dinheiro” no próximo dia 10 (Foto: Divulgação)

Bienal, trienal, anual

Felipe Moratori conta que o Festival Sala de Giz de Teatro foi criado com o objetivo de ser bienal. Como a primeira edição foi em 2018 – uma das primeiras atrações a ocupar o recém-inaugurado Teatro Paschoal Carlos Magno -, a segunda deveria ter acontecido em 2020, e a companhia já tinha conseguido apoio pelo edital específico para festivais da Lei Murilo Mendes. Entretanto, a pandemia de Covid-19 alterou os planos da organização, que adiou o evento – realizado agora graças à Lei Aldir Blanc, para o qual foram selecionados.

“Quando surgiu o edital da Aldir Blanc, resolvemos tentar a aprovação para poder realizar o festival de forma on-line, principalmente porque temos que prestar contas do que foi feito com o dinheiro ainda em 2021. Com isso, pudemos deixar o apoio da Murilo Mendes para 2022, quando esperamos poder voltar ao formato presencial, e aí retomar o caráter bienal, com a quarta edição em 2024”, explica. “Graças à Aldir Blanc e à Murilo Mendes, pudemos consolidar o festival na programação cultural da cidade.”

O Núcleo Arcênico de Criações, de São José do Rio Preto (SP), participa do festival com a peça “A fé que acostumou a falhar” (Foto: Divulgação)

462 propostas inscritas

Com a aprovação pela Aldir Blanc, o Sala de Giz abriu o edital para as inscrições em 5 de fevereiro. Para surpresa do grupo, foram inscritas nada menos que 462 propostas para espetáculos e oficinas, que precisaram enviar filmagens para avaliação dos responsáveis pela curadoria. “Não era necessário enviar um vídeo inédito e exclusivo para o festival”, destaca Moratori, que comemora o fato de que todas as regiões do Brasil tiveram inscritos para o evento. Dentre os estados que terão atrações no festival estão São Paulo (além da capital, Campinas e São José do Rio Preto), Pernambuco e Rio de Janeiro, além de outros grupos de Juiz de Fora e também de Belo Horizonte.

“Alguns trabalhos são de grandes artistas do teatro que foram convidados e que também participarão dos bate-papos ao vivo, o ‘Na sala’, que será mediado por mim”, antecipa Felipe. Algumas dessas conversas serão logo depois das apresentações gravadas; outras, no dia seguinte. “O Bruno Quiossa ficará responsável pelo chat, em que o público pode participar, e outros artistas da cidade vão participar comigo da mediação.”

Quanto ao Sala de Giz, Felipe conta que o grupo vai apresentar três espetáculos que já fazem parte de seu repertório: “Terra sem acalanto”, “Circo no sótão” – uma parceria com o Circo Elvira – e “Tempo de afogar 2 cavalos”, que tem como diferencial novos nomes no elenco. Também será apresentada a gravação de “Bença”, que tem texto e direção de Felipe Moratori mas é encenada pelos alunos do projeto Gente em Primeiro Lugar, da Prefeitura de Juiz de Fora, em comemoração aos dez anos de criação da iniciativa municipal.

Oficinas

Outras atrações que animam Felipe Moratori são as quatro oficinas programadas para o festival, além dos dois encontros-viências, que ainda têm inscrições abertas para algumas elas. As atividades serão realizadas pela plataforma Zoom. As inscrições podem ser feitas por meio da plataforma Sympla.

“Conseguimos reunir pessoas de alto nível, sendo uma das oficinas com o Julio Maciel, do Grupo Galpão, além das oficinas com a atriz e diretora Rita Clemente, com o Núcleo Fuga e Raphael Garcia”, lista. “Já os encontros-vivências serão com a Ana Cristina Colla, que é atriz-pesquisadora do Lume. Uma delas, ‘SerEstando mulheres’, é apenas para mulheres, enquanto a outra é o espetáculo ‘Você’, que no caso da vivência chamamos de ‘desmontagem do espetáculo’.”

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Companhia teatral Sala de Giz, responsável pela organização do festival, comemora cinco anos de atividades na próxima segunda (Foto: Divulgação)

Adaptação aos novos tempos

Ainda em relação ao festival, Felipe Moratori comenta como tem sido, nesse período de pouco mais de um ano, ter que se adaptar a uma nova forma de fazer teatro, que é pela tela do celular, TV ou computador. “Para nós foi muito interessante abrir o olhar para essa nova linguagem, que ainda não entendemos se o que está acontecendo é realmente teatro, pois acreditamos na questão presencial, e que temos chamado de experimentação on-line”, pontua. “Mas foi interessante aproveitar as plataformas on-line, tornou-se um aprendizado. Pudemos amadurecer nossas estratégias de uso das redes sociais, em especial o Instagram, em que uma das nossas estratégias foi convidar a Dani Conselheira Amorosa. Com isso, o alcance para a seleção foi muito expressivo, pois alcançamos artistas e público de todo o Brasil. Nosso número de seguidores no Instagram cresceu significativamente.”

Felipe aproveita para comentar outros frutos desse período. “Fizemos nosso primeiro trabalho audiovisual, uma vídeo-dança que será lançada pela Lei Aldir Blanc. Temos adaptado a linguagem de artes cênicas para o audiovisual, entendemos esse período como uma transição. Mas esperamos o retorno das atividades presenciais, queremos que o público volte para nossa sede, nossos cursos, porém com esse novo aprendizado que tivemos. Criamos ainda a hashtag #jftemteatro, para divulgar não apenas o grupo, mas os artistas da cidade, e a resposta tem sido positiva. É uma forma de mostrar que o teatro do exterior também pode exportar conteúdo.”

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