Por Jarbas, Max e pelo esporte


Por Bruno Kaehler

31/03/2021 às 07h00- Atualizada 31/03/2021 às 07h47

Sempre me orgulhei em ter a possibilidade de trabalhar com esporte pelo poder social que ele possui. É óbvio que minha paixão por futebol, vôlei, basquete, natação, atletismo e tantas outras modalidades em alto nível, que acompanho desde pequeno pela televisão, me influenciou muito. Mas a raiz, dentre as inúmeras capacidades benéficas do desporto, é a real possibilidade de mudança de vida, seja por meio da saúde mental, física ou até mesmo no aspecto financeiro.

Sou dos torcedores mais fanáticos do “time esporte”. A prática regular de atividades físicas é um refúgio diário, mesmo que no apertado espaço do meu quarto. A endorfina e tantos outros ganhos me fortalecem.

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Mas da mesma forma que apuro, produzo e edito, sorrindo, matérias de grandes histórias, cercadas de superação nas dezenas de modalidades existentes, sofro ainda mais com perdas em um meio tão desvalorizado por nossa sociedade. E em duas semanas tivemos o adeus de nomes muito queridos por complicações geradas pela maldita Covid-19.

Infelizmente não conheci o mestre Jarbas Dutra, tampouco o jogador de futebol americano do JF Imperadores, Maxwell Delvivo. Mas receber as notícias de perdas tão significativas ao esporte regional e conversar com pessoas próximas aos dois, vivendo um sofrimento profundo, me trouxe a sensação de que ambos fossem meus amigos. E um ódio, confesso, aos que insistem em festas clandestinas nos fins de semana, com seus stories movimentados em um mundo próprio de puro egoísmo.

Sofri mais ainda por ambos estarem no ambiente no qual sou envolvido pessoalmente desde sempre e profissionalmente há uma década. Pelos relatos e sofrimento de pessoas que têm contato comigo, mesmo que esporádico, pelas pautas e interesses em comum: fortalecer o esporte da cidade e oportunizar caminhos dignos a meninas e meninos.

Jarbas e Max são duas das mais de mil vidas perdidas que foram sentidas em JF. Sofri por estas perdas e imagino o luto – muito mais forte do que o meu – das famílias, que jamais irão se recuperar totalmente. Professor e atleta tiveram vidas moldadas e melhoradas pelo esporte. Acreditavam na recuperação do ser humano. E por Jarbas, por Max e pelo esporte, é nisto que acredito, mesmo que com um fio de esperança.

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