Dois tiras da pesada na comédia brasileira ‘Cabras da peste’

Filme disponível na Netflix diverte ao adaptar o “buddy cop” de Hollywood para o sotaque brasileiro


Por Júlio Black

24/03/2021 às 07h00

cabras da peste
Edmilson Filho e Matheus Natchergaele interpretam os protagonistas do divertido “Cabras da peste” (Foto: Divulgação)

“Cabras da peste”, comédia brasileira que estreou na Netflix na última sexta-feira (19), poderia entrar para a lista de produções locais que tentam copiar, sem sucesso (artístico) e graça, os similares hollywoodianos. Porém, o longa de Vitor Brandt é raro e bem-vindo exemplo de filme que se inspira em clichês do cinema norte-americano mas conquista o público ao saber misturar Hollywood com a cultura local.
Logo de início, o longa escancara sua principal inspiração: “Um tira da pesada”, filme de 1984 estrelado por Eddie Murphy e que seguia a fórmula dos “buddy cop movies”, aquele subgênero do filme policial que costuma usar da comédia para contar a história de uma dupla de tiras que não se dá bem a princípio, mas que precisa unir forças para prender o vilão. Até a música de “Beverly Hills Cop” (no original), “Heat is on”, ganha versão made in Nordeste com “Calor do cão”, que une Gaby Amarantos no vocal e o baixista Junior Bass Groovador.

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Ao invés da ponte aérea Detroit-Los Angeles, “Cabras da Peste” tem a ponte rodoviária Guaramobim-São Paulo. É na pequena cidade do interior do Ceará que vive o comissário Bruceuílis (Edmilson Filho), que de tão dedicado à profissão recebe como “prêmio” e castigo cuidar da cabra Celestina, principal atração do Festival da Rapadura.
Porém, ele vacila e deixa que a bichinha seja “sequestrada” pelo motorista de um caminhão de rapadura (Leandro Ramos), e, ao descobrir que a carga seria levada para São Paulo, toma um ônibus para a capital paulista a fim de resgatar ao animal. Já na megalópole, ele topa com Trindade (Matheus Nachtergaele), um policial cerebral e medroso que é expulso do grupo de elite Thunderbolt após deixar seu parceiro de missão ser assassinado por traficantes.
Depois do esperado estranhamento inicial, os dois descobrem que o rapto da cabra e a quadrilha de traficantes estão interligados, e aí resolvem unir cérebro e punhos para tentar descobrir quem está por trás dos dois casos: o bandido Luva Branca.

Ação, absurdo e boas piadas

“Cabras da peste” é bem-sucedido na sua proposta por ser esperto o suficiente para criar um “buddy cop movie” com sotaque brasileiro, dosando na medida certa os clichês regionais com os dos filmes policiais. O longa ainda surpreende pelas cenas de luta, tão criativas e exageradas quanto as das produções de Hollywood.
Com exceção de uma ou outra piada fora de contexto ou que perde a graça pela repetição, o filme tem um ótimo timing para os momentos cômicos e/ou absurdos, como na fuga do vilão em um helicóptero. Quanto ao elenco, Edmilson Filho, principalmente, brilha como Bruceuílis, mas Matheus Natchergaele não fica muito atrás. As participações do cantor Falcão e de Valéria “Rossicléa” Vitoriano, Victor Alen, Leandro Ramos, Evelyn Castro, Juliano Cazarré e Letícia Lima também ajudam a fazer da comédia policial uma experiência leve, rápida e divertida.

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