OCRIOULO lança o single “Eu não vou parar”

A música, já disponível nas plataformas digitais, é prévia do EP de estreia do artista, “Santo forte”


Por Júlio Black

11/03/2021 às 07h00- Atualizada 11/03/2021 às 11h44

“Eu não vou parar” é o primeiro trabalho autoral de OCRIOULO como cantor e compositor (Foto: Radha Damasceno/Divulgação)

A pandemia – sempre ela – tem sido um desafio para quem teve a chance e o bom senso de ficar em casa nos últimos 12 meses. O desafio, entretanto, pode se transformar em oportunidade, mas sem o lugar-comum da “reinvenção”. Foi o que fez Igor Pires: conhecido como DJ OCRIOULO, ele aproveitou os meses de isolamento para se dedicar à composição e produção de seu primeiro EP. Enquanto o trabalho não chega, ele já disponibilizou nas plataformas de streaming seu primeiro single, “Eu não vou parar”, assinado apenas como OCRIOULO.

Composição que tem coautoria de Caio Rezende, ela trata da vida afetiva de Igor, marcada – assim como a de tantas pessoas – por vontades e desejos não alcançados ao ter que encarar as dificuldades e obstáculos da vida – e, no caso dele, na condição de um homem negro, gay e favelado. Especificamente, a dificuldade se encontra principalmente por se tratar de duas pessoas que se gostam mas não se entendem por uma briga de egos, principalmente pela insegurança e fragilidade masculinas. E aí vale para sentimentos correspondidos ou não.

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“Tudo que compus para esse EP, incluindo o single, são sentimentos que tenho ou coisas que vivi. As pessoas podem esperar muitas verdades, coisas que eu vivi e acredito”, afirma, lembrando que poder se expressar foi mais libertador que difícil. “É algo que vivia em mim, que faz parte de mim. Sempre fui muito ‘escrachado’ e deixei muito claras minhas intenções, o que prego e vivo. Fazer uma música sobre essa vivência foi muito libertador, por tratar de coisas que vivi e que muitas vezes tive de engolir, e essa foi a oportunidade de botar para fora, por meio da música.”

A letra de “Eu não vou parar” é sobre a atração e relacionamento complicado entre dois homens, numa queda de braço metafórica. São questões, aliás, muitas vezes ouvidas em outras músicas, mas do ponto de vista do homem em relação à mulher, e vice-versa. Quanto ao fato de ser o ponto de vista masculino em relação a outro homem, Igor diz que a temática veio naturalmente.

“Quando compus não era sobre dois homens, mas sobre duas pessoas, e se tornou sobre dois homens por causa da minha vivência”, explica. “Simplesmente expressei essa insatisfação de estar num relacionamento em que o ego fala mais alto que o amor. Ela acaba reforçando minha experiência como homem gay, mas isso se reflete em diversas situações, não apenas sobre amor.”

Criando em casa

Igor Pires conta ainda que sempre teve vontade de exercitar esse lado de cantor e compositor, mas apenas com a pandemia ele conseguiu parar e ver se a vontade conseguiria se transformar em realidade. “Antes eu tinha uma vida muita agitada, tocava em vários lugares na mesma semana, promovia eventos da Makoomba, tinha reunião quase todos os dias. Com a pandemia, eu me vi inutilizado e preso em casa, e isso me deu uma chacoalhada forte, ‘vai aproveitar a oportunidade de fazer o que sempre quis ou não?’. Aí comecei a estudar teoria musical, marketing, composição, e depois desse período consegui desenvolver alguma coisa.”

As primeiras composições vieram entre julho e setembro, numa leva de três – entre elas “Não vou parar” – e sete beats criados por ele no computador. “Os primeiros vocais gravei em casa, com meu celular, dentro do guarda-roupa, e nem tinha noção de que isso viraria um EP. Queria muito saber como ficaria minha voz, mas não tinha contato de onde gravar, então gravei dentro do guarda-roupa para ter uma acústica melhor. Depois mostrei para o Jordan Pereira, que é meu vizinho e amigo de infância, e que estava acabando de montar um estúdio. Então, em dezembro, gravei os vocais depois de terminar de compor as músicas, algumas em parceria com o Caio Rezende.”

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Com sete faixas compostas e produzidos por Igor, o EP “Santo forte” ainda não tem data de lançamento, e o artista adianta que pretende lançar pelo menos dois singles antes. Mas ele confessa seu desejo para que o projeto seja lançado o mais breve possível para que o público ouça o que OCRIOULO tem a dizer – e também caia na dança. “As pessoas podem esperar músicas bem dançantes, com batucadas ritmadas, que são minha vibe, e letras sobre meu cotidiano”, antecipa

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