‘Nomadland’ larga na frente para o Oscar

Longa de Chloé Zhao levou os prêmios de filme em drama e direção do Globo de Ouro; Netflix brilha com dez prêmios


Por Júlio Black

01/03/2021 às 13h11

Estrelado por Frances McDormand, “Nomadland” venceu as duas principais categorias do Globo de Ouro: filme em drama e direção (Foto: Divulgação)

Os integrantes da Associação da Imprensa Estrangeira em Hollywood (HFPA, no original) sequer seriam capazes de lotar dois ônibus, pois são apenas 87 membros, mas mesmo assim podem influenciar a temporada de premiações de Hollywood. Se assim for, “Nomadland”, de Chloé Zhao, larga na frente na disputa do Oscar ao vencer os dois principais prêmios do Globo de Ouro, que realizou sua 78ª edição na noite deste domingo (28) em Los Angeles, nos Estados Unidos. A cerimônia ainda teve como destaques as duas estatuetas para a continuação de “Borat”, o prêmio póstumo a Chadwick Boseman e a festa da Netflix, que levou a maior quantidade de prêmios _ dez no total, entre cinema e TV, incluindo quatro para a série “The Crown”.

A edição 2021 do Globo de Ouro foi marcada, ainda, por ser a primeira a ser realizada em tempos de pandemia, com todos os protocolos de prevenção. A cerimônia foi apresentada por Amy Poehler e Tina Fey, mas em pontos opostos dos Estados Unidos: a primeira estava no Beverly Hilton Hotel, em Los Angeles (local tradicional da premiação), e a segunda, no Rockefeller Center, em Nova York.

PUBLICIDADE

A plateia não contava com nenhum astro de Hollywood, mas sim com a turma que trabalha por trás das câmeras. Personalidades como as atrizes Gal Gadot e Margot Robbie, o ator Sean Penn e o casal Catherine Zeta-Jones e Michael Douglas subiram ao palco para apresentar os indicados e vencedores, que ficaram em casa.

O 78º Globo de Ouro, porém, ficará marcado pelas denúncias de falta de diversidade (nenhum dos jornalistas que participam da organização é negro) e de suborno, após reportagem do “Los Angeles Times” publicada na véspera da premiação que tratou da suposta prática da compra de votos de seus integrantes e dos métodos pouco transparentes da HFPA. A suspeita de suborno virou motivo de piada entre as apresentadoras, e vários artistas criticaram a falta de representatividade nos quadros da Associação da Imprensa Estrangeira em Hollywood.

Morto em agosto passado, Chadwick Boseman venceu na categoria ator de filme em drama por “A voz suprema do blues” (Foto: Divulgação)

Os vencedores e os esnobados

O Globo de Ouro deste ano não teve um vencedor no que diz respeito à quantidade, mas sim quanto ao peso das categorias. Neste ponto, “Nomadland” foi o grande vencedor, pois levou os prêmios de melhor filme em drama e melhor diretora, com Chloé Zhao. Um dos grandes favoritos da noite, “Os 7 de Chicago” levou apenas o prêmio de melhor roteiro, para Aaron Zorkin. Daniel Kaluuya, de “Judas e o Messias negro”, venceu na categoria de ator coadjuvante, enquanto Jodie Foster foi escolhida como melhor atriz coadjuvante por sua atuação em “The Mauritanian”.

Na categoria de melhor atriz em filme de drama, Andra Day surpreendeu e levou a estatueta pelo seu papel em “Estados Unidos vs. Billie Holliday”. Ao final, o prêmio que mais emocionou na noite de domingo foi o de melhor ator em filme de drama para Chadwick Boseman. O ator, morto em agosto de 2020, aos 43 anos, foi o escolhido pelos votantes da HFPA pela sua atuação em “A voz suprema do blues”. A viúva do ator, Simone Sedward, fez o discurso mais emocionante da cerimônia.

Na área dos filmes musicais e de comédia, “Borat: Filme de cinema seguinte”, foi o grande vencedor, ao levar os Globos de Ouro de melhor filme e ator, concedido a Sacha Baron Cohen. Rosamund Pike, de “Eu me importo”, levou o prêmio de melhor atriz no segmento.

Encerrando a premiação cinematográfica, “Soul” ganhou nas categorias animação e trilha sonora, enquanto “Rosa e Momo” surpreendeu ao superar “Uma noite em Miami” na categoria canção original. Produção norte-americana, “Minari _ Em busca da felicidade” causou estranheza ao vencer na categoria filme em língua estrangeira; porém, de acordo com as regras de premiação, o longa poderia concorrer por ter pelo menos metade dos diálogos falados em outra língua que não o inglês – no caso, o coreano.

A premiação do Globo de Ouro também teve a inevitável lista de produções que saíram de mãos abanando. Da lista, o grande perdedor é “Mank”, que tinha seis indicações, seguido por “Bela vingança” e “Meu pai” (quatro indicações cada) e “Uma noite em Miami”. E não se pode esquecer de “Destacamento Blood”, de Spike Lee, que sequer foi lembrado entre os indicados.

Apesar do número reduzido de votantes, ainda mais se comparados aos quase dez mil que participam da votação do Oscar, o Globo de Ouro serve para indicar a tendência dos filmes que devem se destacar na temporada de premiações. Entretanto, é preciso esperar a votação de sindicatos como o dos Atores, Produtores e Diretores de Hollywood para saber se os jornalistas estão em sintonia com a indústria do cinema.

“The Crown”, da Netflix, venceu quatro dos 11 prêmios dedicados à televisão (Foto: Divulgação)

Na TV, festa da Netflix e “The Crown”

Na televisão, a grande vencedora foi a Netflix, com seis Globos de Ouro nas 11 categorias. O principal destaque vai para “The Crown”, que faturou melhor série em drama, atriz e ator em série de drama (Emma Corrin e Josh O’Connor, respectivamente) e atriz coadjuvante, graças à atuação de Gillian Anderson como a ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher.

A plataforma de streaming também venceu com “O gambito da rainha” nas categorias série limitada ou filme para TV e atriz em série limitada e filme para TV (Anya Taylor-Joy). Os outros quatro prêmios da noite vieram do cinema (ator em filme de drama, roteiro, canção original e atriz em filme musical ou comédia).

“Schitt’s Creek”, disponível no Brasil pela plataforma de streaming Paramount+, venceu nas categorias série musical ou comédia e atriz em série musical ou comédia (Catherine O’Hara). A HBO faturou o prêmio de ator em série limitada ou filme para TV com Michael Ruffalo (“I know this much is true”), enquanto a Apple TV+ ganhou a categoria ator em série musical ou comédia com Jason Sudeikis (“Ted Lasso”). E o Prime Video ficou com o prêmio de ator coadjuvante graças à atuação de John Boyega em “Small Axe”, produzida pela BBC. O serviço de streaming da Amazon também pôde comemorar no cinema graças aos dois Globos de Ouro de “Borat: Fita de cinema seguinte”, cujos direitos de exibição comprou ano passado.

GLOBO DE OURO _ VENCEDORES
CINEMA

Filme _ Drama
“Nomadland”

Diretor
Chloé Zhao, “Nomadland

Atriz de filme – Drama
Andra Day, “Estados Unidos vs Billie Holliday”

Ator de filme – drama
Chadwick Boseman, “A voz suprema do blues

Atriz coadjuvante
Jodie Foster, “The Mauritanian”

Ator coadjuvante
Daniel Kaluuya, “Judas e o Messias negro”

Roteiro
Aaron Sorkin, “Os sete de Chicago”

Filme _ Musical ou comédia
“Borat: Fita de cinema seguinte”

Melhor ator em filme _ Musical ou comédia
Sacha Baron Cohen, “Borat: Fita de cinema seguinte”

O conteúdo continua após o anúncio

Melhor atriz em filme _ Musical ou comédia
Rosamund Pike, “Eu me importo”

Melhor filme em língua estrangeira
“Minari _ em busca da felicidade” (EUA)

Melhor animação
“Soul”

“Melhor trilha sonora
“Soul”

Melhor canção original
“Io Si seen”, “Rosa e Momo”

TV
Série _ Drama
“The Crown”

Série _ Musical ou comédia
“Schitt’s Creek”

Série limitada ou filme para TV
“O gambito da rainha”

Atriz em série _ Drama
Emma Corrin, “The Crown”

Ator em série _ Drama
Josh O’Connor, “The Crown”

Atriz em série _ Musical ou comédia
Catherine O’Hara, “Schitt’s Creek”

Ator em série _ Musical ou comédia
Jason Sudeikis, “Ted Lasso”

Atriz em série limitada ou filme para TV
Anya Taylor-Joy, “O gambito da rainha”

Ator em série limitada ou filme para TV
Mark Ruffalo, “I know this much is true”

Atriz coadjuvante em série
Gillian Anderson, “The Crown”

Ator coadjuvante em série
John Boyega, “Small Axe”

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.