Uma voz que ecoa


Por Marcus Javarini, Graduando em Jornalismo Estácio JF

11/02/2021 às 06h58

Tema cada vez mais em voga nas rodas de conversa, bate-papos e na mídia, a igualdade de gênero vem se tornando assunto de destaque e motivo de luta para as mulheres do mundo inteiro. Em uma sociedade dominada pelos homens, buscar a equidade parece ser uma tarefa difícil e, muitas vezes, injusta para um grupo social tão segregado em determinados aspectos.

O Sufrágio Feminino, movimento a favor do voto das mulheres criado no século XIV, foi um marco importante para a equidade de direitos entre homens e mulheres, por exemplo. No Brasil, as mulheres têm direito ao voto desde 1932, há cerca de 88 anos. Pode parecer muito tempo, mas, desde o primeiro voto feminino até os dias de hoje, o número de representantes femininas no Governo amarga os 15%, de acordo com o Mapa Mulheres na Política, de 2019, desenvolvido pela Organização das Nações Unidas (ONU).

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O reflexo de um número tão desigual pode ser explicado pela disparidade na educação entre meninos e meninas, ainda na infância. De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), somente um terço dos países consegue equilibrar o acesso à educação para meninos e meninas. Apesar de já ter atingido esse patamar, o Brasil ainda possui, dentre as crianças que nem trabalham nem estudam, o dobro de meninas em relação aos meninos.

E o resultado disso não se reflete apenas na política: um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2018, mostrou que as mulheres ganham, em média, 20,5% a menos do que os homens, mesmo ocupando cargos iguais. A menor diferença salarial ocorreu entre os professores do ensino fundamental. Neste setor, as mulheres têm desvantagem de 9,5%. Do outro lado do ranking, o setor vencedor no quesito machismo foi a agricultura, pagando 35,8% a menos para as mulheres. Vale lembrar que esses números se repetem em todo o planeta, em diferentes níveis.

Eis que, em meio a tanta desigualdade, surge Malala Yousafzai, uma voz na multidão que conseguiu ecoar, mesmo que de forma singela, um pouco de esperança para que algum avanço aconteça.

A paquistanesa, que com 17 anos recebeu o Nobel da Paz – a pessoa mais jovem vencedora da premiação sueca -, tem uma história envolvida em muita luta e coragem. Após ter sido desmascarada como a autora de um blog onde relatava suas dificuldades de acesso à educação, Malala foi baleada enquanto saía da escola onde estudava. O atentado contra sua vida foi mais do que suficiente para que ela se tornasse uma peça-chave na luta contra a desigualdade de gênero.

Muitas Malalas ainda lutam pelos direitos básicos assegurados ao indivíduo em diversas partes do mundo. No Paquistão, no Brasil, nos países desenvolvidos e pobres. Muitas vezes, mais perto do que possamos imaginar. Por isso é importante assegurar que, cada vez mais, homens e mulheres garantam o equilíbrio de direitos na sociedade, deixando para trás os estereótipos antiquados como os de que “lugar da mulher é na cozinha”.

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