O grande momento do futebol na temporada

No encerramento do programa “Bem, amigos” da segunda, Galvão Bueno creditou a recuperação da Chapecoense, campeã brasileira da Série B e de volta à elite dos clubes nacionais, como o grande momento do futebol na temporada. Mesmo que a disputa ponto a ponto com o América tivesse encerrada com título para os mineiros, a fala de Galvão ainda sim faria sentido.

Bem mais do que o retorno à Série A, a campanha do time de Chapecó escreve um bonito roteiro, que transcende a competição dos gramados. Talvez, tal como eu, você que me lê pode ter chegado a pensar que aquela queda em 2019 seria o “início do fim” do time catarinense. Como aconteceu, por exemplo, com equipes como Portuguesa, mais recentemente; São Caetano, nos anos 2000; e América-RJ, na década de 80.

Ao abrir mão do direito lhe oferecido, de não ser rebaixada naquela temporada de 2017, após o trágico e inesquecível acidente com a equipe no voo da Lamia, o descenso que veio anos depois parecia ter sido resultado da negativa daquela decisão tomada lá atrás.

Polêmicas de arbitragem à parte, muito constestada pelo técnico Lisca, do vice América, após a rodada final da Série B, a Chape fez o papel dela. Somou 73 pontos, com 20 vitórias, apenas 5 derrotas e um aproveitamento de 64%. Para efeitos de comparação, percentual que só não é maior do que o Inter, líder da Série A, ainda uma vitória a menos do que o time da Arena Condá.

Em sua fala, Galvão enalteceu a força de diretoria, de jogadores, torcedores e dos cidadãos de Chapecó. Bom lembrar que, no penúltimo dia de 2020, como se o passado já não tivesse sido tão cruel, Paulo Magro, presidente do clube, morreu em decorrência de Covid-19, aos 59 anos.

Não se sabe o quão competitivo será o próximo elenco ou se o rebaixamento pode se repetir no futuro. Mas a história deste campeonato atual, com o título como cereja do bolo, como muito bem disse Galvão, é o grande momento do futebol na temporada. Ver Alan Ruschel, um dos três sobreviventes daquela fatalidade, erguendo a taça, faz os jogos, ainda sem público e em plena pandemia, valerem a pena.