Educação: um direito de todas
A educação é um direito humano básico, estendido a todas as pessoas independentemente de raça, orientação sexual ou gênero. Infelizmente, a realidade é muito diferente disso. Dados da Unesco mostram que, em 2019, pelo menos 62 milhões de meninas não possuíam acesso à educação formal.
Ainda segundo a Unesco, as meninas são as primeiras a terem o acesso à escola negado. Isso não é um problema recente: as mulheres correspondem a dois terços dos adultos analfabetos do mundo.
Ativistas como Malala Yousafzai, que foi atingida na cabeça por tentar ir à escola, lutam por um mundo mais igualitário, onde as meninas possam frequentar a escola sem terem medo de sofrer represálias (como ela sofreu) e sem serem impedidas por qualquer outra razão.
Segundo um estudo divulgado pelo Banco Central, se todas as garotas recebessem 12 anos de educação de qualidade, elas poderiam acrescentar até 30 trilhões de dólares à economia global, gerando novos empregos e diminuindo as desigualdades na força de trabalho.
No Brasil, cerca de 20,3% das crianças estão fora das escolas. Além do problema enfrentado por essas crianças, dados do Programa Nacional de Alfabetização e Cidadania (PNAC) também revelam uma outra face da desigualdade: a falta de informação. Um em cada quatro brasileiros não possui acesso à internet.
Mesmo que o acesso à rede mundial de computadores tenha aumentado nos últimos anos, o Brasil ainda conta com mais de 45 milhões de pessoas sem acesso à rede. Com a pandemia do novo coronavírus e a suspensão das aulas presenciais, muitas escolas optaram pelo ensino remoto. Com isso, o número de crianças sem acesso à educação formal tende a aumentar no país e no mundo.
A ONG Plan International, organização focada no desenvolvimento infantil pelo mundo, diz que a pandemia do novo coronavírus pode gerar décadas de atraso na educação de meninas na América Latina. Segundo a instituição, a quarentena anunciada como prevenção à doença deixou 95% dos estudantes afastados das escolas.
Junto com a crise sanitária, a crise econômica enfrentada pelo continente também irá causar uma ruptura na educação das meninas. Muitos pais perderam o emprego e, com isso, não poderão mais arcar com os custos da educação dos filhos, e a tendência é que esses pais retirem seus filhos da escola, principalmente as meninas.
A ONG alerta os governos latino-americanos para que tomem medidas urgentes para garantir a volta das meninas na escola. Além das consequências econômicas, a ONG também teme um aumento nos casos de casamento infantil, violência doméstica e gravidez na adolescência.
Este espaço é livre para a circulação de ideias e a Tribuna respeita a pluralidade de opiniões. Os artigos para essa seção serão recebidos por e-mail (leitores@tribunademinas.com.br) e devem ter, no máximo, 30 linhas (de 70 caracteres) com identificação do autor e telefone de contato. O envio da foto é facultativo e pode ser feito pelo mesmo endereço de e-mail.