Importante é a vacina

País tem que mobilizar a população e, mais importante, garantir insumos para atender à demanda de 200 milhões de habitantes


Por Tribuna

19/01/2021 às 06h58

O governador de São Paulo, João Doria, saiu na frente, e seu estado aplicou a primeira vacina de combate à Covid-19. O presidente Jair Bolsonaro, pelas redes sociais, destacou que a vacina é do Brasil, e não do governador. Polêmicas à parte, o importante é a sua aplicação, que agora começa a chegar aos municípios. O brasileiro, depois de quase dois meses na arquibancada, vendo países europeus e até mesmo vizinhos como Chile e Argentina implantando a imunização, iniciou seu processo. A expertise nacional em vacina é estratégica para alcançar o maior número de pessoas possível.

Na visita à cidade na última sexta-feira, o governador Romeu Zema reafirmou que Minas começa seu processo ainda nesta terça-feira, já que as doses começaram a ser distribuídas. Minas, com 853 municípios, é um dos mais complexos na distribuição por conta do número de cidades, mas há garantias de que isso não seja um problema. A conferir e torcer.

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O perfil de segurança da vacina é positivo, mas é necessário que a fila dos que puxam para a frente seja mais ativa, já que, ao curso dos últimos meses, não foram poucos os que resistiram à ideia sob várias motivações, desde religiosas, céticas por natureza até políticas. O próprio presidente da República, agora emparedado pelas evidências e pelos números de contaminação, ficou muito tempo no grupo dos resistentes.

Diante de cenário como esse, os próprios especialistas chamam a atenção para dois pontos. O primeiro é a necessidade de uma campanha convidando a população a se vacinar. O fato de não haver obrigatoriedade não justifica a abstenção, pois trata-se de uma doença que afeta a todos e todas as condições sociais.

O mais importante, porém, é garantir o quantitativo. A despeito da celebração do início da campanha nas instâncias de poder, o número de vacinas disponíveis é precário para um país com mais de 200 milhões de habitantes. Os seis milhões disponíveis não atendem sequer as faixas consideradas de risco, profissionais de saúde e indígenas. Se for levada em conta a importância de duas doses, esses números caem pela metade sem levar em conta a natural perda.

O Governo federal, a quem compete fazer a importação, terá, necessariamente, que sair da sua inércia e buscar apoio no mercado internacional, ao contrário do que vem fazendo ao curso dos meses, brigando contra as evidências. O mundo inteiro está buscando a vacina, o que aponta para uma concorrência global na qual somente aqueles estruturalmente aptos vão conseguir atender a demanda. O Brasil, por enquanto, tem estrutura, mas não conta com vontade política para entrar nesse embate. Ao contrário, resistiu à vacina chinesa e não se interessou pelas outras, o que pode ter sérias consequências no futuro.

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