O que virá pela frente
A semana será emblemática, pois deve significar o início de imunização contra a Covid-19 ao mesmo tempo em que ações para ajudar a população do Amazonas precisam ser incrementadas
Se a Anvisa não recuar – o que é possível, pois foram pedidos novos documentos aos institutos Butantã e Fiocruz -, o país começa a vacinar a população nesta semana. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse aos prefeitos, que com ele se reuniram na quinta-feira, que a imunização começa no dia 20. Essa é a boa notícia, pois há um atraso em relação a outros países, embora o Brasil seja um dos recordistas em número de mortos e contaminados. A politização do tema adiou a aplicação e tem implicação direta nos dados levantados pelo consórcio de veículos de comunicação que dá os números diários da Covid-19 no país.
A má notícia é a situação no Estado do Amazonas, cujas imagens de pacientes sem acesso a oxigênio percorreram o mundo, gerando indignação, pois foram reveladoras da ineficiência das políticas de combate ao coronavírus. Como não houve uma coordenação nacional, defendida desde o início pelos governadores, os estados ficaram à mercê da própria sorte. O Amazonas é a face emblemática desse bate-cabeça, que corre o risco de se repetir na fase de aplicação da vacina.
O governador de São Paulo, João Doria, cuja meta é a eleição de 2022, já quer antecipar a imunização para o dia 19, só para ficar na frente do Governo federal. É um jogo patético de poder que tem a população como material para seus ensaios. A vacina deveria ser a prioridade de todas as instâncias, pois só assim será possível dar acesso a todos os segmentos. Esse jogo vai gerar custos, e a conta pode até ser cobrada no próximo pleito.
Em entrevista ao Grupo Solar de Comunicação, o governador Romeu Zema se posicionou claramente sobre essa questão: é contra e acentuou que não contribui em nada qualquer tipo de movimentação política num cenário em que a prioridade é a saúde pública. E foi além: tão logo a agência libere a vacinação, Minas está pronta para iniciar a aplicação em 24 ou 48 horas, pois sua logística já está toda definida.
Zema garantiu que não haverá filas, mas seria importante Estado e prefeituras elaborarem campanhas de esclarecimento, pois a imunização – a despeito da expertise do país – vai levar tempo, devendo se desdobrar até o fim do segundo semestre. Haverá os que vão tentar furar a fila e aqueles que não terão a compreensão necessária para esperar a sua vez.
Como a imunização vai levar tempo, os cuidados como o uso de máscara e o zelo com as mãos devem continuar incorporados à rotina da população, ao mesmo tempo em que as aglomerações devem ficar fora da agenda coletiva.