Chuva e destruição


Por Celso Ciampi, empreendedor, corretor de imóveis, coach de vendas e escritor

09/12/2020 às 06h58

Chega o final do ano, e é a mesma coisa: chove, alaga, e deslizam barrancos. Obras de emergência são feitas logo que possível, e, depois, nada mais é feito, a não ser promessas de que no próximo ano não vai ser igual. Mas bastam os primeiros pingos, e tudo acontece de novo.

A cidade cresceu muito, e desordenadamente. Sua superfície foi toda impermeabilizada com asfalto. Onde havia escoadouros naturais de água, foram construídos prédios e condomínios de casas. As galerias de águas pluviais, mal dimensionadas, foram construídas de forma que recebem também o esgoto da cidade, ficando, assim, estranguladas quando aumenta o volume de chuvas. Além disso, áreas que eram de mata foram muito reduzidas para a construção de equipamentos urbanos e bairros, e, assim, a cidade vai ficando mais e mais impermeabilizada, e a água fica sem ter para onde ir.

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O grande problema disso tudo é que as obras que realmente resolvem ou reduzem esses problemas são aquelas que ficam embaixo da terra, causam muitos transtornos para serem realizadas e, o pior, não são vistas. Enfurecem as pessoas, e não há onde colocar placa de inauguração, ou seja, não dão votos e até podem tirar votos. Por isso, são postas de lado. Entra prefeito, sai prefeito, e dá-lhe asfaltamento e construção de viadutos, que também são necessários. Mas, para quem sofre com alagamentos e deslizamentos de terra, nada; esses só aparecem na época da chuva e podem ser empurrados para depois.

É preciso haver um planejamento por parte dos prefeitos para, na época da estiagem, realizarem obras que minimizem os efeitos das chuvas para as pessoas. Todos sabem onde ocorrem os problemas, pois eles acontecem há anos, e dá muito tempo para que sejam realizadas as intervenções, tem que ter apenas vontade política de fazer.

Vamos torcer para que a futura prefeita, que tomará posse em 1º de janeiro, pense nessas pessoas, faça o que deve ser feito e não fique apenas fazendo paliativos pós-chuvas. É necessário que se tenha responsabilidade para com as pessoas e dê a elas a tranquilidade para que, na próxima temporada de chuvas, suas casas não sejam invadidas pela água e que ninguém tenha prejuízo com alagamentos e deslizamentos de terra. É importante trabalhar nisso durante todo o ano e começar desde o primeiro dia de mandato, estabelecendo projetos com prazos e metas de conclusão. Esse não é o único problema a ser resolvido, mas é um dos mais graves e urgentes.

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