Os heróis “cativos” de “Black Hammer” e os bichos de outra dimensão de “Oblivion Song”

Por Júlio Black

02/12/2020 às 07h00 - Atualizada 01/12/2020 às 13h01

Oi, gente.

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Jeff Lemire é um dos meus roteiristas e desenhistas de quadrinhos favoritos, autor de uma das HQs mais emocionantes deste século (“Sweet Tooth”, primeira vez que a nona arte me fez chorar), mas é difícil acompanhar a carreira do cabra da peste. O canadense parece escrever e/ou desenhar uma meia dúzia de títulos por mês, seja para a Marvel, DC Comics, Dark Horse, Image, Valiant _ e ainda por cima é versátil, pois vai do Homem-Animal aos X-Men, passando pela Liga da Justiça Sombria, Gavião Arqueiro, Batman e seus trabalhos autorais.

E foi um de seus mais conhecidos e aclamados trabalhos “de autor”, “Black Hammer”, que comecei a ler na última semana, aproveitando que as edições digitais estavam em promoção no Kindle. Comprei os quatro volumes, mas por enquanto terminei apenas dois, “Origem secreta” e “O evento”. A série sai lá na gringa pela Dark Horse, e por aqui chegou graças à Editora Intrínseca.

“Black Hammer” é um projeto idealizado por Lemire lá em 2007, mas que ganhou o papel e bits apenas em 2016, tendo vencido o Eisner Awards no ano seguinte na categoria melhor nova série. Ao invés de assumir os desenhos, o artista passou o trabalho para Dean Ormston, que apesar de ter sofrido um derrame durante a preparação das primeiras edições, foi o responsável pela ótima arte na maioria das publicações da série principal.

Mas vamos à premissa da série. “Black Hammer” é sobre um grupo de heróis (Abraham Slam, Menina de Ouro, Coronel Weird, Madame Libélula, Barbalien e o próprio Black Hammer) que vivem na fictícia Spiral City e que são dados como mortos depois de enfrentarem e derrotarem o vilão Antideus, verdadeiro mashup de Darkseid com Thanos e Galactus. O que ninguém sabe, porém, é que eles foram transportados até uma fazenda em Rockwood, cidadezinha que parece saída de um episódio de “Além da imaginação”, e descobrem da pior maneira possível que não podem sair de lá, no máximo ir até a cidade. E dez anos se passam com o grupo tentando encontrar, sem sucesso, uma forma de fugir de sua “prisão”, até que a chegada de uma personagem pode mudar os rumos de suas vidas e resolver o mistério de como chegaram lá e por que não podem sair.

Além dos elementos de mistério, suspense e sobrenatural de “Além da imaginação”, misturados a ficção científica, “Black Hammer é uma das melhores HQs de super-herói da década e uma homenagem aos quadrinhos de eras passadas. Seus personagens são facilmente identificáveis com alguns dos ícones da DC Comics, como Shazam, Adam Strange, Espectro e Caçador de Marte, além do Quarto Mundo de Jack Kirby, porém numa leitura mais adulta. Recomendamos fortemente, e logo, logo chegaremos com as resenhas dos dois volumes de “Era da destruição”.

Outra HQ que chegou ao país tropical pela Intrínseca foi “Oblivion Song”. A série é publicada nos Estados Unidos pela Image Comics e escrita por Robert Kirkman (“The Walking Dead”), com arte do italiano Lorenzo De Felici. Aqui, o lance é ficção científica das boas, com muito drama pessoal e doses de aventura.

A história se passa dez anos depois que um evento inexplicável transportou um pedaço da cidade da Filadélfia para outra dimensão, a Oblivion, junto com 300 mil habitantes que por lá passaram a ser caçados e dizimados por criaturas pavorosas. Em seu lugar, um pedaço dessa dimensão veio para nosso mundo, acompanhado pelos tais monstros de dar medo.

Durante todo esse tempo, uma equipe liderada por Nathan Cole conseguiu viajar entre as dimensões e resgatar alguns poucos sobreviventes. Um dia, porém, o governo americano suspende a missão de resgate, e Cole passa a ir lá de forma clandestina para tentar encontrar seu irmão, enquanto ajuda a trazer de volta quem encontra pelo caminho.

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Até o momento, a Intrínseca publicou no Brasil os dois primeiros arcos da série, “Canção do Silêncio” e “Entre dois mundos”. Para quem curte sci-fi, Kirkman entrega uma boa história, que ainda dedica tempo para mostrar como a tragédia afetou não apenas quem foi para o outro lado e voltou, mas igualmente aqueles que permaneceram por aqui e perderam algum ente querido.

Até agora, já foram lançadas 28 edições nos Estados Unidos, então ainda temos muitas boas histórias para acompanhar neste universo cheio de monstros e surpresas.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

Júlio Black

Júlio Black

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