NOVO ENSINO MÉDIO: QUE NOVIDADES VÊM POR AI?


Por Pricilla Cerqueira, Luciana Tenuta e Rita Batista

24/11/2020 às 22h11- Atualizada 25/11/2020 às 08h24

O professor e linguista Noam Chomsky, ao considerar o protagonismo dos alunos na escola disse: “O ensino deve inspirar os estudantes a descobrir por si mesmos, a questionar quando não concordarem, a procurar alternativas se acham que existem outras melhores, a revisar as grandes conquistas do passado e aprender porque algo lhes interessa”.

Seu pensamento nos inspira a pensar as possibilidades de mudanças em tempos de grandes transformações. Por conta dessa necessidade de superações de paradigmas, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento que orienta a elaboração de currículos e propostas pedagógicas para a Educação Básica no nosso país, apontou os subsídios para o Novo Ensino Médio.

PUBLICIDADE

Até 2022 todas as escolas brasileiras deverão implantar o Novo Ensino Médio, que visa aproximar a escola da realidade vivida pelo jovem de hoje. Mas o que isso significa? Quais são as novidades trazidas por essa nova estrutura?

A ideia do Novo Ensino Médio é romper com a centralidade das disciplinas nos currículos, visando apenas o ingresso no ensino superior e substituir essa etapa por saberes mais integrados, que despertem o interesse dos alunos ao relacionar os diversos campos da ciência à resolução de problemas do mundo real, que façam sentido para os jovens de hoje.

O Novo Ensino Médio é composto por duas partes que se complementam: a Formação Geral Básica e os Itinerários Formativos. Na Formação Geral Básica, com 1800 horas, serão trabalhadas as quatro áreas de conhecimento: Linguagens e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Os Itinerários Formativos, com 1200 horas, possibilitam aos estudantes fazer escolhas que irão compor seu currículo. São cinco possibilidades, sendo quatro delas ligas às quatro áreas de conhecimento acima citadas e um quinto itinerário, que contempla a formação técnica e profissional.

Esses itinerários podem se estruturar em um dos seguintes eixos:

  • Investigação científica, que possibilita ao estudante se aprofundar em uma das áreas de conhecimento de seu interesse.
  • Processos criativos, que permite o uso e aprofundamento do conhecimento científico na construção de experimentos, modelos ou protótipos para criação de processos ou produtos que atendam a demandas para a resolução de problemas identificados na sociedade.
  • Mediação e intervenção sociocultural, que envolve a mobilização de conhecimentos de uma ou mais áreas para mediar conflitos, promover entendimentos e implementar soluções para questões e problemas identificados na comunidade.
  • Empreendedorismo, que envolve a mobilização de conhecimentos de diferentes áreas para a formação de organizações com variadas missões voltadas ao desenvolvimento de produtos ou prestação de serviços inovadores com uso de tecnologias.

Antes os jovens cursavam disciplinas com grades de horários pré-fixadas e com números de aulas semanais determinadas, visando o sucesso nas provas de acesso à universidade.

Ao cursarem o Novo Ensino Médio, os jovens terão a possibilidade de ampliar seu olhar muito além dos conteúdos encaixotados e fragmentados apresentados nas aulas. Muitas vezes, esses conteúdos são descontextualizados e/ou não interligados com a realidade da sociedade contemporânea que se transforma a cada dia.  Nesse novo cenário, os jovens precisam ser inovadores, olhando para o mundo que os cerca de forma crítica, autônoma, interativa, responsável, ética.  É fundamental saber se posicionar diante dos desafios, trabalhar em equipe, ser resiliente e abrir inúmeras possibilidades para a resolução de problemas, tomadas de decisões, para convivência e aprendizado com a diversidade. Um dos objetivos é que o jovem desenvolva diferentes visões de mundo.

Do ponto de vista apresentado pela BNCC, independente da duração da jornada escolar, oferecer uma educação integral para o jovem é poder dar a ele a oportunidade de construir processos educativos que promovam aprendizagens com significado. Espera-se que o jovem possa utilizar, de acordo com as suas necessidades e interesses todas as suas potencialidades. Não faz mais sentido ir para a escola e ficar sentado ouvindo os professores falarem. Não favorecer o protagonismo dos jovens significa estar na contramão da aprendizagem no Novo Ensino Médio.

Diante de tudo isso, surge a pergunta: E os exames de vestibular? Como irão se adequar a esse novo modelo? A previsão é que os exames de acesso à universidade, incluindo o ENEM, sejam divididos em duas etapas. A primeira etapa contemplará a Formação Geral Básica e a segunda etapa terá o foco na área de ensino superior escolhida pelo estudante.

Com todas essas novidades, os educadores estarão envolvidos nessa nova forma de ensinar e aprender. De acordo com a BNCC, a palavra-chave para a implantação do Novo Ensino Médio é flexibilidade. O que Chomsky nos aponta indica esse pensamento flexível que se depara com jovens em transformação continua, dentro dos seus ambientes comunitários e escolares. As alternativas estão continuamente abertas neste mundo que se modifica dia a dia.

O conteúdo continua após o anúncio

Quer saber mais:

Pricilla Cerqueira: primendescerqueira@gmail.com

Luciana Tenuta: lutenuta@gamil.com

Rita Batista: rica.basil@gmail.com

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.