Festival Primeiro Plano tem início nesta terça-feira

Edição 2020 terá formato on-line e reduzido, mas com recorde de inscrições e 51 curtas-metragens participando das mostras Regional e Mercocidades


Por Júlio Black

22/11/2020 às 06h55

“Deus me livre…”, de Alexei Divino, será exibido na abertura do festival em homenagem ao diretor, morto em agosto (Foto: Reprodução)

Este ano será diferente, e “adaptação” é a palavra. Assim como tantos e tantos festivais de cinema pelo país e pelo mundo, o Primeiro Plano – Festival de Cinema de Juiz de Fora e Mercocidades será on-line e diminuiu sua programação para encaixar-se na nova e (provavelmente) temporária realidade. Tendo em mente a importância de não passar um ano em branco, o festival inicia na próxima terça-feira (24), às 20h, sua 19ª edição.

No total, serão exibidos 51 curtas-metragens (28 na Mostra Competitiva Regional e outros 23 na Mercocidades), selecionados entre os 350 inscritos – novo recorde. Os curtas, além de dois longas, poderão ser assistidos pela plataforma de streaming InnSaei.tv. O evento também terá debates após as exibições de quarta (25) a sexta-feira (27) e três oficinas, tudo on-line. A programação completa pode ser conferida no site do evento.

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Na terça-feira, além da cerimônia de abertura, serão exibidos os curtas “Cansei(o)”, de Jadson Reis, vencedor da mostra virtual Primeiro Plano Feito em Casa, que aconteceu no meio do ano; e “Deus me livre ou o dia em que o diabo resolveu devolver o inferno”, do jornalista e produtor audiovisual Alexei Divino, um dos incentivadores do Primeiro Plano e que morreu em agosto, aos 52 anos, vítima da Covid-19. Para esta edição, o festival não terá um curta produzido pelos vencedores do Incentivo Primeiro Plano do ano anterior. Por causa da pandemia, a organização do evento permitiu que os vencedores de 2019, José Victor Soares e Maurício Nascimento (de “Desvio para o branco”) se preocupassem em produzir seu trabalho apenas para 2021. A noite terá, ainda, o documentário “Maria Luiza”, de Marcelo Díaz, sobre a primeira transexual da história das Forças Armadas do Brasil.

Mostras competitivas de quarta a sexta

De quarta a sexta-feira, a partir das 16h, estarão disponíveis por 24 horas os curtas selecionados para as duas mostras, com os debates marcados para as 20h pelo aplicativo Zoom. No sábado (28), às 20h, acontece a cerimônia de premiação, também pelo Zoom. O encerramento terá a exibição dos curtas-metragens “Sangro”, de Tiago Minamisawa, Bruno H. Castro e Guto BR, e “Aqueles dois”, de Émerson Maranhão (vencedor da Mostra Mercocidades em 2019), além do longa argentino “O professor”, de Cristina Tamagnini e Julián Dabien.

Assim como nos anos anteriores, o vencedor do Incentivo Primeiro Plano, para o melhor curta-metragem desenvolvido por universitários que estejam matriculados em instituições de ensino superior de Juiz de Fora, receberá R$ 9 mil para produzir um novo curta-metragem, a ser exibido na próxima edição; e o Luzes da Cidade dará R$ 1 mil para o melhor curta regional escolhido por três participantes da Mostra Mercocidades. Os prêmios técnicos (direção, som, fotografia, montagem, atuação, trilha musical, direção de arte e melhor filme) continuam, enquanto que o Melhor Filme pelo júri popular terá, pela primeira vez, um prêmio de R$ 500 para o vencedor.

Um dos selecionados para a Mostra Mercocidades, “Perifericu” será exibido na sexta-feira (Foto: Reprodução)

Recorde de inscrições

Uma dos integrantes do Luzes da Cidade, grupo de cinéfilos responsável pela organização do Primeiro Plano, Marília Lima comemora o recorde de inscrições para 2020, quando se poderia imaginar que haveria menos produções devido aos transtornos para a cultura causados pela pandemia do novo coronavírus.

“(A pandemia) não afetou (as inscrições), pois houve um incentivo para a produção de filmes durante a quarentena, como os editais. Acho que isso deu uma aquecida na produção, e dentro desse número conseguimos fazer uma seleção bem legal, com muita qualidade. A cada ano aumenta o desafio de fazer a seleção”, afirma.

A princípio, o festival voltaria a acontecer no Teatro Paschoal Carlos Magno, mas desde março já se trabalhava com a possibilidade de um “Plano B” – como a realização on-line, a exemplo de outros festivais. Ter quase oito meses ajudou a aprender com os outros eventos, mas nem por isso a adaptação do formato presencial para o virtual deixou de ser o maior desafio, segundo Marília.

“Tivemos um bom tempo para ver o que outros festivais estavam fazendo, então chegamos já sabendo os problemas e dificuldades do formato, por isso esperamos não ter problemas com as exibições”, diz, citando a 31ª edição do Festival Internacional de Curtas-metragens de São Paulo, realizado pela Associação Cultural Kinoforum, como exemplo de festival que acompanharam. “Mas também será um desafio fazer com que consigamos chegar ao público. O formato presencial tem um termômetro muito melhor, pois existe o contato direto, o olho no olho.”

Também por conta de ser uma edição on-line, o Festival Primeira Plano teve que abrir mão de algumas de suas atrações, como os filmes exibidos durante a tarde para o público infantil, exibição de filmes com recursos como a audiodescrição, os encontros para debates, oficinas práticas e longas-metragens encerrando todos os dias de exibição nas mostras competitivas.

PRIMEIRO PLANO 2020 – PROGRAMAÇÃO
Terça-feira (24)
20h – Sessão de Abertura
Cinejornal (10 min)
Cansei(o), de Jadson Reis (2 min)
Deus me livre, de Alexei Divino (16 min)
Maria Luiza, de Marcelo Díaz (80 min)

Quarta-feira (25)
16h – MOSTRA COMPETITIVA REGIONAL 1
1996, de Rodrigo Brandão
Retratos de uma jovem em quarentena, de Iago de Medeiros
A garça velha, de Marc NaNo
A garota com todos os dons, de João G. Cendretti, Nicolly Matos & Leonardo Heringer
A vida é coisa que segue, de Bruna Schelb Corrêa
Domingo no paint, de Gustavo Furtuoso Ribeiro
Vida dentro de um melão, de Helena Frade
Tal pai, tal filho, de Lucas Andries
Sagrado, de Mayara Moreira

16h – MOSTRA COMPETITIVA MERCOCIDADES 1
Neguinho, de Marçal Vianna
Altcell, de Matheus Galvão & Erik Fischer
Maratonada, de Gabriel Almeida e Letícia Catalá
Gilson, de Vitória Di Bonesso
O silêncio lá de baixo, de Pamella Araújo
O beijo / El b(eso), de Alexa Centurión Chocobar
Meninos rimam, de Lucas Nunes
Boneca Quebrada / Muñeca tota, de Gaspar Aguirre & Román Sovrano
O desenho de um peixe / El dibujo de un pez, de Juana Castro
Letícia, Monte Bonito, 04, de Julia Regis

20h – Zoom – Debate dos filmes

Quinta-feira (26)
16h – MOSTRA COMPETITIVA REGIONAL 2
Suellen e a diáspora periférica, de Renata Dorea
Ir à praia, de Beatriz Dias
Janaína sem cabeça, de Bruna Schelb Corrêa
Na pele, de Luana Nogueira
Epidemia nacional, de Bruno Ferreira
Reflexo reverso: o outro em branco, de Fernanda Thomaz
(In)existente – a vida pelo seu olhar, de Stéphanie Ferreira Nunes do Nascimento
MoverAção pela pátria, de Gutão
Vale?, de Eric Moreira

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16h – MOSTRA COMPETITIVA MERCOCIDADES 2
Endless love, de Duda Gambogi
A barca, de Nilton Resende
Vai melhorar, de Pedro Fiuza
Volta seca, de Roberto Veiga
Mãe chuva / Mamapara (Madre lluvia), de Alberto Flores Vilca
Inabitáveis, de Anderson Bardot

20h – Zoom – Debate dos filmes

Sexta-feira (27)
16h – MOSTRA COMPETITIVA REGIONAL 3
Nó no couro, de Mariana Martins
Passeio de vento, de Bruna Schelb Corrêa & Luis Bocchino
Cronotopo, de Diogo D’Melo
Travessia, de Matheus Assunção Braz Monteiro
Perseguição no meio, de Xzmcrz
Espresso, de B.N.L.
Que horas vai passar, de Gutão
Confecção do coração, de Natane Castro
Aparecida, devoção, milagres e bênçãos, de Inês Maria de Oliveira
Não subestime, de Lipe Veloso

16h – MOSTRA COMPETITIVA MERCOCIDADES 3
O que pode um corpo?, de Victor Di Marco e Márcio Picoli
Janaína, de Letícia Silva
Rosário, de Igor Travassos e Juliana Soares
Não me chame assim, de Diego Migliorini
A fome que devora o coração, de Raiane Ferreira
Enraizadas, de Gabriele Roza e Juliana Nascimento
Perifericu, de Nay Mendl, Vita Pereira, Rosa Caldeira, Stheffany Fernanda

20h – Zoom – Debate dos filmes

Sábado (28)
20h – Cerimônia de premiação (Zoom)
21h – Sessão de encerramento
Sangro, de Tiago Minamisawa, Bruno H Castro e Guto BR (7 min)
Aqueles dois, de Émerson Maranhão (15 min)
O Professor / El Maestro, de Cristina Tamagnini e Julián Dabien (68 min)

 

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