Mais camisas rosas, menos câncer de mama


Por Juliana Netto

22/10/2020 às 06h58

Foto: Ricardo Duarte/Internacional

Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), a estimativa para cada ano do triênio 2020-2022 é de 625 mil novos casos de câncer no Brasil. Deste total, 66 mil devem ser de diagnósticos de cânceres de mama e próstata. Um número que por si só não traduz o impacto que é saber que um familiar, amiga(o) ou nós mesmos podemos ser acometidos por esta silenciosa doença.

Neste mês de outubro, de campanhas destinadas ao público feminino, muitas são as ações que chamam a atenção para o tema. De provas, como a tradicional Corrida da Ascomcer aqui em Juiz de Fora, até a cor das camisas de times de futebol.

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No domingo passado, o Inter, líder do Brasileirão, substituiu o seu tradicionalíssimo vermelho e branco pelo rosa na vitória de 2 a 0 sobre o Vasco. Uma estratégia criada pela Adidas, fornecedora do material esportivo do time gaúcho, utilizada também para Flamengo, Cruzeiro e São Paulo – o Cruzeiro, segundo apurações do colega Josias Pereira, do jornal O Tempo, teria um manual de aplicação da marca que impede a mudança de cor específica do clube, além do fato do contrato entre a Raposa e a empresa alemã ter sido assinado depois da elaboração do projeto da multinacional.

Marketing puro, dirão alguns. Obviamente que sim. O futebol – e por que não o esporte como um todo -, por si só, é um grande business.
Bola é para homem e câncer de mama é coisa de mulher, avaliarão outros mais machistas, daqueles mesmos que acham o caso da acusação de estupro cometido por Robinho como algo pontual na vida particular do atleta.

Segundo o Inca, mesmo que 99% dos casos da enfermidade atinjam o público feminino, 1% dos diagnósticos está relacionado às mamas masculinas. Homens que também têm mães, esposas, irmãs, filhas.

O esporte, desde sempre, carrega bandeiras. De uns tempos para cá, ganhou muito mais notoriedade não só pela performance em si. O futebol, estritamente masculino, a cada dia cai mais no gosto das mulheres, que são árbitras, jogadoras, comentaristas, repórteres, torcedoras.

Nada mais justo e necessário, então, que usar deste espaço para engajar a sociedade para um assunto tão sério. Aqueles que sofreram com alguma perda tão dolorosa vão confirmar que a causa vale a pena.

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Tópicos: outubro rosa

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