BAAPZ lança o single ‘Patético’ antes de partir para gravação do primeiro álbum


Por Júlio Black

06/10/2020 às 07h00

A turma do indie-pop-rock-acrescente-o-gênero-que-quiser de Juiz de Fora continua na atividade quando o assunto é entregar música para as massas. O projeto BAAPZ, identidade nada secreta do baixista Pedro Baptista, da Alles Club, lançou o single “Patético” nas plataformas de streaming no fim de setembro, ainda sob o selo estiloso da Pug Records, que prepara sua aposentadoria do mercado de música indie. A canção marca o final do ciclo iniciado com o lançamento do EP “Remoto”, de 2019, pois agora Pedro, o BAAPZ, vai se concentrar na gravação do primeiríssimo álbum, que deve chegar aos ouvidos humanos em algum momento do próximo ano.

Pedro conta que a música foi composta em 2015 e chegou a ser gravada e produzida com o material que entrou no EP, mas ficou de fora por não dialogar com as demais canções, que abordavam temas como a distância em relação ao tempo e aos espaços. “Patético”, por sua vez, surgiu a partir da conversa com um amigo sobre o comportamento patético de um conhecido em comum. Na mesma época, o cantor se aborreceu com outra pessoa, e daí para colocar os sentimentos no papel foi rápido e rasteiro feito cobra cascavel.

PUBLICIDADE

“Apesar de não dialogar com o sentimento transmitido em ‘Remoto’, ‘Patético’ estava gritando para ser lançada”, explica Pedro sobre o lançamento tardio. “É um descarrego catártico de desprezo que já está na ponta da língua de diversas pessoas. Talvez minha música possa dar um empurrãozinho até que ela não seja mais representativa a apenas minhas insatisfações.”

Sobre tratar em forma de música sobre temas que se colocam em campos opostos – afinal, pouca gente tem paciência para ficar próxima de figuras patéticas -, o Homem-BAAPZ afirma que esses opostos sempre o acompanharam e “funcionam como batata frita e sorvete”. “Sempre me senti solitário por morar sozinho, mas ciente de que muitas vezes a solitude tenha sido escolha minha. Eu sinto falta, mas também me sinto ótimo estando sozinho. Às vezes se distanciar de pessoas que te fazem mal é a coisa certa a se fazer”, filosofa.

Pedro Baptista lança o último single do BAAPZ antes de investir no álbum de estreia do projeto
Foto: Bruna Schelb Correia/Divulgação

Sem dar nome aos bois

Pedro obviamente não quer ser cópia de ninguém, mas lista os sons que ajudaram a dar um norte musical para o single. “É bem claro pra mim que me influenciei muito com as músicas do Daft Punk, principalmente do álbum ‘Discovery’, além de outras bandas (de) disco (music) da década de 70 para 80. Do Brasil, escuto muito alguns trabalhos da Gal Costa, Marcos Valle e Hyldon. Ainda assim, a música disco costuma ser menos agressiva, e acho que posso dizer que tem uma influência energética dos Strokes também.”

Quanto à produção, BAAPZ lembra que “Patético”, assim como o EP “Remoto”, tem Marcio Reis na bateria, no lugar da bateria programada que havia em seu single de estreia, “Viajante do tempo”, que ele classifica como mais “robótico”. Ele destaca, ainda, que o novo single também deve fechar um ciclo quanto à forma de produzir as canções, o que espera ser notado no futuro álbum.
“A produção (de ‘Patético’) é despojada porque, assim como no ‘Remoto’, escolhi gravar tudo ‘em linha’, plugando diretamente na interface de áudio ao invés de captar sons com o microfone, além de manter alguns erros. A única coisa que diferencia as canções de ‘Remoto’ e ‘Patético’ é o conceito. Em gravação é semelhante, pois foram gravadas na mesma época”, explica.

“Para o álbum, ainda que a produção e os arranjos sejam meus, quero trazer mais participação da banda que me acompanha em shows, envolver arranjos mais elaborados e complexos e definir melhor a sonoridade que estou formando. Pretendo ser um pouco mais perfeccionista com a gravação e o produto final. Meu modo de compor as letras não vai mudar muito, pois acho que já encontrei a estética que eu gosto de passar, mas pretendo soltar um pouco mais minha voz. Encerra-se também o ciclo de pertencer a um selo, uma vez que me torno um artista independente com a aposentadoria da Pug Records.”

O conteúdo continua após o anúncio

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.