Prefeitura de Juiz de Fora sinaliza que 13º pode ficar para 2021

Término de vigência da Lei Complementar Federal nº 173 cria incerteza sobre possibilidade de pagamento até dezembro


Por Gracielle Nocelli

15/09/2020 às 07h00

O pagamento do 13º salário dos servidores municipais pode sofrer atraso. A possibilidade foi sinalizada pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) diante da incerteza sobre a situação financeira a partir de outubro, quando está previsto o término do auxílio recebido pela Lei Complementar Federal nº 173, que estabelece o programa de ajuda aos municípios para o enfrentamento à Covid-19.

Em entrevista concedida à Tribuna, na sexta-feira (11), o secretário de Fazenda Fúlvio Albertoni relatou a preocupação com o último trimestre do ano.

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“Entre junho e setembro, recebemos cerca de R$ 15 milhões mensais provenientes da Lei Complementar Federal nº 173, o que nos deu maior segurança. No entanto, ainda não há nenhum indicativo de que ela será prorrogada. Não sabemos como será a partir de outubro.”
Ressaltando que a Administração tem trabalhado para evitar que o pagamento fique para 2021, ele diz que, neste momento, não é possível assegurar que os valores serão quitados sem atraso. “Se a economia não der sinais de melhora ou se a lei não for prorrogada, infelizmente, existe essa possibilidade.”

No dia anterior (10), o secretário de Governo Ricardo Miranda fez a mesma sinalização durante participação no programa Pequeno Expediente, realizado pela Rádio CBN Juiz de Fora e a Tribuna. “É graças a transparência (da atual gestão) que é impossível prometer hoje que o pagamento do 13º será até dezembro, mas estamos trabalhando para que isto seja viável.”

Déficit orçamentário
A situação financeira já era apontada como um dos principais desafios de Juiz de Fora para 2020, uma vez que o ano anterior foi encerrado com déficit orçamentário de R$ 95 milhões. O desequilíbrio nas contas foi justificado pela ausência de repasses de verbas por parte do Governo de estado, como o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). Por conta disso, o pagamento do 13º salário dos servidores municipais de 2019 foi quitado com atraso, em fevereiro deste ano.

Apesar da regularização dos repasses feitos pelo Estado, a pandemia da Covid-19 agravou a situação. “No início do ano, experimentamos uma melhora financeira, mas logo depois veio a pandemia. Em maio, tivemos uma queda de 20% nas receitas próprias”, relembra Fúlvio. “Foram necessários ajustes. Reduzimos cargos e secretarias, revimos despesas, suspendemos financiamentos com a União e diminuímos custos por conta do home office. Estamos sobrevivendo à crise provocada pela pandemia.”

R$ 950 milhões
De acordo com dados da Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag), a despesa com a folha de pagamento de servidores ativos e aposentados foi de R$ 950 milhões em 2019. “Houve crescimento de 28% da folha nos últimos três anos, impulsionados pelo crescimento inercial (gratificação por tempo e progressões previstas no regime estatutário) de 4,5% ao ano”, informou a assessoria.

Rapaz teria insistido no pagamento de R$10 mil em troca de informações que seriam do interesse da vítima (Foto: Fernando Priamo)

Sinserpu repudia possibilidade de atraso

O Sindicato dos Servidores Públicos de Juiz de Fora (Sinserpu-JF) afirmou que repudia a possibilidade de atraso no pagamento do 13º salário dos trabalhadores. “Vemos com muita preocupação esta sinalização, e sugerimos que a Prefeitura faça o esforço necessário para que isso não ocorra. Estamos em uma pandemia, vendo o aumento de preços dos alimentos. Atrasar o pagamento é prejudicar muitas famílias e, também, a economia local”, avaliou o presidente Francisco Carlos da Silva.

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Ele destaca que muitos usam a renda para quitar dívidas. “As contas não são jogadas para frente, só o pagamento, isto é muito prejudicial”, diz. “É preciso esclarecer que a maior parte dos servidores recebe pouco mais de um salário mínimo. Os trabalhadores deveriam ser valorizados por estarem assegurando o funcionamento dos serviços públicos durante a pandemia. Deve haver uma política de valorização, não o atraso de pagamento.”

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