Ramonize-se você também


Por Bruno Kaehler

09/09/2020 às 06h59

Em primeiro lugar, não posso deixar de ressaltar a criatividade do torcedor. Clubistas eufóricos fazem do futebol o esporte mais popular e apaixonante deste mundão de Deus. Mas me refiro ao verdadeiro torcedor, como o já folclórico criador da adjetivação aos feitos do técnico vascaíno Ramon Menezes, ou do inspirado autor do canto “Hoje tem gol do Ribamar”, para amenizar, com humor, as justas críticas ao centroavante cruz-maltino.

Não falo de bandidos, como aqueles que invadiram o Orlando Scarpelli para, covardemente, agredir e intimidar os profissionais do Figueirense no último sábado.

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Voltando ao torcedor de verdade, como tem sido divertido acompanhar os vascaínos que tanto sofreram nas duas últimas décadas e merecem, no mínimo, um pouco de paz, mesmo que no final de uma gestão tão criticada como a de Alexandre Campello, manchada desde o processo eleitoral, e com novo pleito presidencial marcado para 7 de novembro com as sonhadas diretas – outro motivo para o associado comemorar.

O clima no Vasco é raro. O elenco tem compensado a limitação técnica na aplicação da organização estrutural proposta por Ramon. Basta ver dez minutos de Vasco para entender a importância de um técnico motivado e com novas ideias. Abel Braga precisava descansar e arrastava o Cruz-Maltino junto de si.

Agora, o lateral-esquerdo Henrique, tão criticado, tem realizado partidas seguras como pilar no princípio de construção da equipe em trinca com os zagueiros Ricardo e Castán. Pikachu, ainda abaixo do que pode produzir, só é lateral sem a bola. Com ela, avança centralizando na criação de jogadas.

Apesar de ainda não aprovar Fellipe Bastos como titular, o volante cresceu com investidas à área rival e desenvolvimento físico. Em um elenco um pouco mais rico, seria um útil suplente. Impressionante mesmo é a importância de Andrey. Precisa ser mais regular, mas deixou de iniciar a construção do Vasco ao lado do goleiro, como Abel Braga pedia, para qualificar, entre as intermediárias, a transição com inversões aos pontas e quebra de marcação pelos dribles.

À frente, um Vasco competente espelhado na polivalência e intensidade de Benítez, grande achado do clube, com o posicionamento e a precisão de Cano. Tudo isso sem o brilhantismo, ainda, de Talles Magno, que tem jogado com pouca companhia pela ponta-esquerda, mas não deixa de lutar e certamente seguirá evoluindo.

De um time cotado para a disputa contra o rebaixamento ao sonho de vaga na Libertadores. Jamais subestime uma equipe organizada. Jamais subestime um clube gigante empurrado por seu torcedor, mesmo que virtualmente neste momento. E curta a diversão do futebol, independente se durar 90 minutos. Ramonize-se você também.

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