Nova gasolina pode impactar o bolso dos juiz-foranos

Preços praticados na cidade estão mais altos nos primeiros dias de setembro; Expectativa é que novos reajustes aconteçam ao longo do mês


Por Gracielle Nocelli

08/09/2020 às 07h00

Conforme resolução da anp, gasolina ficará mais densa, com o objetivo de prover maior eficiência; valor do etanol também deve subir (Foto: Fernando Priamo)

Os consumidores juiz-foranos devem enfrentar uma nova alta de preços dos combustíveis a partir deste mês de setembro. Com a determinação de uma nova fórmula da gasolina estabelecida pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), por meio da Resolução 807/2020, o valor do produto tende a subir e ocasionar maior demanda, e consequente elevação de preço, do etanol.

O valor médio do litro da gasolina na cidade era de R$ 4,53 até 22 de agosto, conforme os últimos dados divulgados pela ANP. Já o etanol era comercializado pelo preço médio de R$ 3,13. Desde então, o órgão suspendeu o levantamento semanal feito junto aos postos. A assessoria explicou que a suspensão é temporária e se deu em decorrência do “término da vigência do atual contrato celebrado com a empresa responsável pela pesquisa”.

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Levantamento de preços realizado pela Tribuna em postos da cidade, na última sexta-feira (4), identificou que o litro da gasolina está sendo comercializado entre R$ 4,68 e R$ 4,69, valores até 3,5% mais altos do que o preço médio verificado há duas semanas pela ANP. Já o etanol varia entre R$ 3,16 e R$ 3,22. Na comparação com o valor médio praticado anteriormente, corresponde a aumento de até 2,87%.

Na avaliação da professora da Faculdade de Economia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Fernanda Finotti, é possível que os preços atuais dos combustíveis já tenham sofrido impacto da nova gasolina estipulada pela ANP. “O consumidor deve ficar atento, pois não temos informações sobre os estoques dos postos. Então, a expectativa é de que, quando houver a substituição total da gasolina, o preço dela aumente. Com isso, deve ocorrer uma maior procura pelo etanol, o que irá acarretar no reajuste dele também.”

Insumos
O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro) informou que não comenta valores de bomba “por serem questões individuais de cada posto revendedor”. No entanto, ressaltou que houve aumento de preços dos insumos.

Em nota, afirmou que “o preço da gasolina vendida pela Petrobras nas refinarias subiu 9,8% nas últimas duas semanas” e que “o etanol anidro, que compõe 27% da gasolina comum que é vendida nos postos, encareceu 6,72% no mesmo período.”

O Minaspetro também destacou impactos do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), cobrado pelo Estado. “Desde 1º de setembro, o ICMS cobrado sobre a gasolina ficou mais caro em R$ 0,034.”

Nova gasolina
A Resolução 807/2020 da ANP determina uma nova formulação para a gasolina produzida no país, exigindo peso mínimo de 715 gramas por litro do combustível. Na prática, isto significa que o produto se tornou mais denso. A expectativa é prover maior eficiência, tendo em vista que aumenta a energia produzida na detonação. A estimativa da Petrobras é que a nova gasolina ocasione economia de até 6% no uso.

Aumento de combustíveis pode gerar ‘efeito cascata’

Fernanda Finotti alerta que o aumento dos preços dos combustíveis é responsável por gerar um “efeito cascata” na economia. “Nós transportamos tudo por meio rodoviário, quando o combustível aumenta, tudo encarece.”

De acordo com a especialista, neste cenário, um dos primeiros impactos percebidos pelo consumidor será a inflação dos alimentos. “Além destes produtos sofrerem impacto por conta do encarecimento do transporte, nós estamos vivendo um momento em que o agronegócio é uma das poucas atividades econômicas que está sobressaindo à crise. O Brasil está exportando muito.”

O aumento das exportações significa aumento da demanda por alimentos, o que resulta em alta de preços. “É a lei da oferta e da procura. Quando temos mais consumidores buscando um determinado produto, os preços sobem.”

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Juiz-foranos questionam preços desde janeiro

Os valores dos combustíveis praticados pelos postos da cidade têm sido questionados desde o início do ano pelos juiz-foranos. No primeiro trimestre, após a Petrobras anunciar quedas consecutivas no valor do combustível para as refinarias, os consumidores não sentiram a redução de preços nas bombas. A situação levou motoristas de transporte por aplicativo, ônibus de viagem, caminhões, vans escolares e motoboys a realizarem protestos nos meses de março e abril.

Neste mesmo período, a Agência de Proteção e Defesa do Consumidor de Juiz de Fora (Procon/JF), em parceria com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), realizou a maior fiscalização já feita no setor. Trinta e cinco postos foram investigados por suspeita de praticarem margem de lucro do etanol e da gasolina acima de 30%, percentual determinado pela Lei de Crimes Contra a Economia Popular.

Após a fiscalização foi observada redução dos preços praticados na cidade. A gasolina que iniciou o ano com valor médio de R$ 4,87 encerrou o semestre a R$ 4,30. Já o etanol passou de R$ 3,45 para R$ 2,95, em junho.

Após reajustes feitos pela Petrobras, os valores dos combustíveis encareceram em julho, quando a gasolina passou a custar, em média, R$ 4,46, e o etanol, R$ 3,04.

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