Rodoviários anunciam greve para o próximo dia 18

Apesar da decisão, tomada em assembleia realizada nesta quinta, categoria afirma que irá negociar até o último momento


Por Vívia Lima

13/08/2020 às 18h35- Atualizada 13/08/2020 às 22h46

Depois de recusarem a proposta de redução do tíquete-alimentação e da cesta básica e de corte de 50% das horas trabalhadas feita pelos consórcios do transporte coletivo urbano, motoristas e cobradores anunciaram greve para a próxima terça-feira (18). A decisão foi tomada após assembleia extraordinária realizada nesta quinta-feira (13). A categoria deliberou por paralisar as atividades caso os consórcios Manchester e Via JF não garantam a continuidade do pagamento da cesta básica, do tíquete-alimentação e do salário dos profissionais. “Eles querem voltar a discutir isso somente daqui a 12 meses. Isso nós não vamos aceitar”, afirmou Claudinei Janeiro, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Juiz de Fora (Sinttro/JF).

Após a reunião, os profissionais fizeram uma passeata por ruas do Centro, partindo do Largo do Riachuelo, no Centro, com destino à Câmara Municipal, na mesma região. No trajeto, o grupo ocupou a faixa central da Avenida Barão do Rio Branco, exclusiva para ônibus, e, por isso, durante a caminhada, o tráfego na pista apresentou lentidão.

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Profissionais na passeata pelo Centro da cidade, que sucedeu a reunião desta quinta-feira (Foto: Fernando Priamo)

Além da integralidade dos benefícios, a categoria reivindica a garantia de manutenção de, no mínimo, 70% da jornada de trabalho e dos salários atuais, já que as concessionárias teriam proposto corte de 50% das horas trabalhadas. Atualmente, a categoria afirma que seria mantido apenas o plano de saúde. Caso haja a redução salarial, os profissionais não contarão com a contrapartida do Governo federal, uma vez que terminará o prazo da Medida Provisória (MP) 936, que permitia tal manobra.

Apesar da permanência do impasse em assembleia extraordinária, a categoria afirma não querer iniciar o movimento grevista e diz que, para isso, irá negociar até a data limite, próxima terça-feira (18). “Um motorista tem um salário médio de R$ 2 mil. Imagina receber a metade deste valor e ainda sem os benefícios?”, questionou, indignado, o vice-presidente da entidade em entrevista à Tribuna.

Ele ressalta que os trabalhadores entendem o momento de pandemia e não estão pedindo aumento de seus vencimentos, mas querem “apenas aquilo que conquistaram. “Não dá para aceitar a proposta e, daqui a um ano, voltar a essa pauta”, pontuou.

Última paralisação durou três dias

Entre 21 e 23 de julho, os rodoviários paralisaram as atividades do transporte coletivo urbano por mais de 50 horas, em razão da existência de débitos dos vencimentos e de haver benefícios em atraso. Em edital publicado na Tribuna no último domingo (9), o Sinttro convocou a categoria para a assembleia geral extraordinária. Além da provocação de um dissídio coletivo em razão da ausência de acordo coletivo para o período entre julho de 2020 e junho de 2021, a pauta previa a deflagração de greve por tempo indeterminado.

À Tribuna, o presidente do Sinttro Vagner Evangelista já havia dito que a proposta realizada pelas empresas de transporte coletivo urbano, que, segundo ele, incluiria o corte de benefícios, foi rejeitada pelos rodoviários. “Então, montamos a seguinte proposta: manutenção do plano de saúde e de todos os demais benefícios e trabalho de, no mínimo, 70% da jornada. Se trabalharmos mais, eles pagam mais. Se trabalharmos menos, eles pagam o piso de 70%. Se as empresas estão precisando de ajuda, vamos ajudar na ponta, não nos benefícios dos trabalhadores”.

À Tribuna, a Astransp, que representa o Consórcio Manchester e parte do Via JF, manteve o posicionamento anterior de que não iria se manifestar “enquanto não forem esgotadas as tentativas de negociação com o sindicato”. A assessoria da Ansal, que representa o Consórcio Via JF, informou em nota que foram realizadas duas assembleias nesta quinta-feira e que os colaboradores aceitaram a proposta da empresa, que será concretizada pelo Ministério do Trabalho. Assim, a empresa irá manter, na sua integralidade, o tíquete; irá voltar a fornecer a cesta básica, de forma reduzida, mas completa; e vai garantir o pagamento do salário de acordo com a jornada de trabalho, garantindo o mínimo de 50% deste pagamento.

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*Esta reportagem foi atualizada às 22h20. Na versão anterior constava que a greve estava prevista para o dia 19.

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