Política Nacional
Eleição de novembro pode ter o embate nacional como referência para os partidos, mesmo num pleito em que as demandas paroquiais são prioridade
As eleições municipais tendem a ignorar as idiossincrasias do debate nacional para focar nas demandas próprias do cidadão, mas, já a partir da dicotomia que se instalou ainda no ciclo petista do nós contra eles, agora exacerbada pelo enfrentamento entre direita e esquerda, não dá mais para dizer que o pleito municipal é exclusivamente paroquial. Os próprios pré-candidatos tentam estabelecer esses novos tempos, quando tentam, especialmente a direita, associar seu projeto ao presidente Jair Bolsonaro. A questão é saber quem ganhará tal representatividade, já que, em princípio, o presidente não pretende atuar diretamente no debate. Na esquerda, a situação é diferente. Há uma forte tendência, no primeiro turno, em isolar o PT, levando-se em conta o último pleito, no qual o antipetismo teve forte repercussão.
Na edição desta terça-feira, a Tribuna divulga levantamento da Akros Pesquisa, registrado na Justiça Eleitoral – daí a sua publicação -, indicando um empate técnico entre as candidaturas de Wilson Rezato (PSB), Sheila Oliveira (PSL) e Margarida Salomão (PT). Os três ponteiros têm expressiva distância dos demais, mas é necessário considerar que a campanha está apenas no seu começo, e as convenções sequer aconteceram, tendo como prazo inicial o dia 31 deste mês. Elas serão emblemáticas para alguns detalhes. Um deles é a consolidação dos eventuais candidatos. A lista, que num primeiro momento chegou a ter 16 nomes, pode passar por alterações, o que é normal, sobretudo quando os partidos avaliam a extensão de suas alianças e as propostas que serão trocadas daqui por diante.
O lançamento do nome do coronel Alexandre Nocelli, veterano da Polícia Militar, é um clássico exemplo de acordo firmado. O PSB de Wilson Rezato e o DEM de Nocelli já se acertaram. Tal operação deve se repetir em outras legendas que ainda não encontraram um norte. Algumas delas têm até possíveis candidatos, mas, como em política não vale ingenuidade, muitas mudanças ainda podem acontecer.
O ponto de interrogação é o prefeito Antônio Almas. Dando prioridade ao enfrentamento à Covid-19, só em setembro deve dizer se vai, ou não, tentar a reeleição. Mas deixou pistas ao dizer à Tribuna que não quer atrapalhar a vida de ninguém. Quem tem demandas para resolver está liberado para buscar acordos. Em termos de sinceridade, foi um bom exemplo; em termos estratégicos, criou um problema, pois tirou garantias para eventuais aliados, como o MDB, parceiro desde 2012, quando elegeu e reelegeu o engenheiro Bruno Siqueira e teve o tucano Almas, no segundo mandato, como vice. A legenda tem em stand-by o nome do juiz aposentado José Armando da Silveira, mas a demora pode comprometer a elaboração de sua chapa para candidatos a vereador. E o jogo só está começando.