É como diz o ditado: mente vazia…


Por Leonardo Parma, Colaborador

04/08/2020 às 06h49

… é oficina do diabo. Famigerado ditado popular que denota o quanto pode ser perigoso deixar a mente inerte ou falsamente ocupada com conteúdo inútil. O mérito aqui não é religioso, mas evoco a vertente cultural desta figura que simboliza o mal, em diversos aspectos.

É impressionante o quanto as pessoas estão desesperadas por ocupar suas mentes, vorazes por algum conteúdo que as entretenha. É algo necessário neste tempo, é fato, mas a preocupação é: estamos exercitando nossas mentes, trazendo conteúdo útil e edificante, ou o intuito é apenas ocupar o tempo?

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O interessante é ter equilíbrio sempre, e obviamente poucos analisam previamente o que de fato uma determinada atividade vai agregar à nossa jornada, mas a reflexão sobre a pauta pode ser muito valiosa.

Bem, não dá para negar o quanto as redes sociais podem nos beneficiar, permitindo a manutenção do network em tempos de isolamento social. É inútil lutar contra isso, e seria hipocrisia dizer que não nos divertimos com a chuva de memes que recebemos diariamente. Contudo voltemos ao título do presente artigo. A mente está ocupada (exercitada), ou sendo apenas distraída? Permita-me dizer que há uma diferença monumental entre as duas ações.

É necessário analisar: qual percentual do conteúdo que absorvo diariamente me faz pensar e traz algum progresso efetivo para a minha saúde mental?

Gosto muito de uma frase do poeta Victor Hugo, a saber: “A água que não corre forma um pântano; a mente que não pensa forma um tolo”. Dispensa comentários…

Por falar em saúde mental, a necessidade de ocupar o nosso tempo pode nos pregar algumas armadilhas. Quem já não leu a famosa sigla TBT? Confesso que demorei a entender o que isso significa. Sim, é algo inocente a princípio, mas o que temos visto é uma campanha para trazer o passado ao presente, como se fosse um alento para nos consolar em dias tão difíceis. Deixando bem claro: não é errado relembrar o passado, momentos marcantes que nos impactaram de alguma forma. Mas o que se vê nos comentários é um saudosismo exacerbado, como se o futuro não pudesse ser melhor que o pretérito ou o presente. Isso, sim, pode ser muito nocivo.

Outra coisa que observei, em tom de brincadeira, mas certamente com base constatável: diversos relatos de súbitas saudades do(a) ex. No Google, as buscas pelo tema aumentaram 2.450% durante a quarentena, segundo a empresa de marketing digital AGY47 (ah, essa quarentena…). Alguns psicólogos reconhecem que este pode realmente ser um período de flashbacks, pois inconscientemente buscamos alguma forma de prazer e satisfação, o que fatalmente nos remete a experiências já vivenciadas.

O cérebro é um órgão extraordinário. Dificilmente, os neurocientistas vão descobrir todas as funcionalidades que ele possui, devido à sua vastidão. Porém, ao mesmo tempo em que ele é maleável, regenerável, complexo e fabulosamente conexo, ele também é bastante vulnerável às desconstruções externas. Ou seja, ele é um terreno fértil, onde certamente nasce o que se planta. Nos assustamos ao constatar o quão suscetível é a nossa mente a bloqueios, tanto para o bem quanto para o mal – assunto deveras profundo, que merece um artigo à parte.
O que quero dizer é: muitos de nós estão caindo em armadilhas nesses dias, atrofiando a mente, alimentando vínculos desnecessários ou inadequados.

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Se você refletiu sobre o conteúdo aqui abordado e no seu painel mental se acendeu um alerta na maneira como você ocupa seu tempo e, consequentemente, sua mente, é necessário reestruturar urgentemente a forma como você usa seu tempo, bem como os hábitos que recheiam seu dia a dia, de forma a reverter este quadro – pelo bem da sua oficina mental.

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