Missão Europa: rotina em Portugal reforça sonho olímpico de Beatriz Ferreira

Pugilista deixou Juiz de Fora para integrar a seleção brasileira no retorno aos treinos promovido pelo COB, visando a participação nos Jogos de Tóquio


Por Fabiane Almeida, estagiária sob a supervisão do editor Bruno Kaehler

30/07/2020 às 17h48- Atualizada 30/07/2020 às 20h13

A cerca de 70 quilômetros de Lisboa, Portugal, em Rio Maior, um grupo de atletas da seleção brasileira retoma os treinamentos mirando a Olimpíada de Tóquio, adiada para o ano que vem. Sem ver os colegas por longos meses, a pugilista Beatriz Ferreira deixou Juiz de Fora e retornou aos treinos com parte da equipe de boxe. O Centro de Treinamento de Rio Maior foi escolhido pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) como substituto do CT em São Paulo, que segue interditado por conta da pandemia. A Missão Europa teve início em 17 de julho, levando 11 atletas do boxe, e tem retorno previsto de 15 a 22 de agosto.

Bia voltou a treinar ao lado dos companheiros de seleção (Foto: Arquivo pessoal)

Se 2020 não tivesse tomado um rumo tão inesperado no mundo, o dia de hoje poderia ser muito diferente. A abertura dos Jogos em Tóquio era marcada, inicialmente, para a última sexta (24), e muitos brasileiros estariam diante das múltiplas telas, torcendo por seus conterrâneos. Promessa do boxe feminino e número 1 do mundo em sua categoria (60kg), Bia poderia estar na disputa pelo ouro. Nada que pareça interferir no foco da atleta.

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“Não são dias ou meses, mas há anos planejo esse sonho. Sempre quando me machuco ou não quero treinar, lembro porque tenho que ter força e continuar acreditando que vou disputar os Jogos Olímpicos. Mas tenho ciência das coisas que estão acontecendo e acho que esse momento não foi cancelado, só adiado. Tudo isso que aconteceu mudou e vai continuar mudando nossa visão sobre as coisas. Acho que aprendemos a dar mais valor e nos cuidar melhor”, reflete a baiana radicada em JF.

Proteção e segurança

Pelas ruas pouco movimentadas de Rio Maior, as máscaras seguem obrigatórias. Só é permitido aos atletas retirar a máscara dentro do CT ou na academia. Ao chegar, a regra é sempre a mesma: passar álcool em gel e limpar os sapatos, antes de contatos restritos.

“Quase não encontramos os atletas de Portugal, mas são muito simpáticos. O CT é maravilhoso e a cidade é muito bonita, meio histórica. Aqui não tem casos de Covid, então nos sentimos mais protegidos. Mesmo assim tomamos muito cuidado. E sabemos que os nossos companheiros fizeram os exames e deram negativo”, conta Bia.

Antes de deixar o Brasil, os atletas ficaram em isolamento por uma semana em São Paulo e só embarcaram após o resultado dos exames. Ao chegar em Portugal, ficaram mais dois dias em isolamento, repetindo o teste de Covid-19 outras duas vezes.

Ritmo normalizando

Atleta volta, gradualmente, à intensidade habitual de seus treinamentos (Foto: Alexandre Castello Branco/COB)

Dentro do centro de treinamento, a rotina intensa os mantém focados pela manhã e à tarde. No intervalo, fisioterapia e massagem para relaxar os músculos e melhorar o condicionamento. O planejamento é de que a equipe possa retomar o ritmo em que se encontrava quando estiveram na base da Colômbia, antes de serem mandados para casa, em isolamento social.

A primeira semana foi de readaptação, e nem todos os pugilistas conseguiram praticar. “Os treinadores tiveram um tempo para avaliar as condições de cada atleta para tentar igualar. Já começamos essa semana fazendo avaliações, com uma carga um pouco mais intensa, explorando a resistência. Começamos a ter contato, fazendo combate e manoplas. Ao decorrer dos dias, vão ser acrescentadas mais atividades. Estão todos animados e estava com saudade de sentir essa adrenalina de treinar com a equipe e ter contato com outros atletas de alto rendimento. Está sendo uma experiência boa”, afirma Bia.

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Para a preparação, as competições ainda farão falta, até que os eventos possam voltar a ocorrer com segurança. A preocupação agora é se a situação da pandemia terá melhora no Brasil. Caso o CT de São Paulo permaneça impossibilitado de funcionar até o fim desta missão, é possível que a seleção, ao retornar, seja realocada em outro centro, junto da equipe de base. Bia precisa disputar, futuramente, um torneio pré-olímpico para oficializar a vaga em Tóquio.

Tópicos: boxe

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