Raro Rodrigo Rodrigues


Por Bruno Kaehler

29/07/2020 às 07h00- Atualizada 29/07/2020 às 13h34


“RR não foi meu amigo, mas gostaria que fosse”, disse o técnico Levir Culpi em sua conta no Twitter, no início de um relato naturalmente lutuoso nesta terça-feira. Poderia dizer o mesmo de Rodrigo Rodrigues, músico, escritor e apresentador ímpar de programas esportivos, que nos deixou ontem, vítima de trombose venosa cerebral – complicação decorrente da Covid-19.

Mas meu sentimento é o de que perdi, de fato, um amigo. Daqueles que você recorre quando precisa sorrir. Quando quer uma força ou esquecer os problemas, mesmo que por minutos. Assim que soube da notícia, abandonei a leitura de um livro e liguei a Tv para ver as homenagens. A tristeza foi maior do que eu esperava, confesso. Porque RR era meu amigo, percebi. E de tantos outros que o acompanham, pelo menos, desde 2011 na ESPN. Ou antes, na TV Cultura. Como gostava dele no Bate-Bola. No Resenha ESPN, então, nem se fala. Parecia feito para apresentar aquele programa que atraiu tantos amantes do esporte aos domingos à noite. E como aprendi com esse versátil profissional.

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Um apresentador singular. Como o futebol (deveria ser sempre), RR era leve. Como a música (deveria ser sempre), ele era arte. Como o jornalismo esportivo (deveria ser sempre), Rodrigo Rodrigues era fiel e comprometido com a informação, da sua forma diferenciada. Um comunicador nato que deve ser referência aos profissionais de quaisquer experiência e área.

Com seu sorriso no rosto, inteligência e capacidade, Rodrigo Rodrigues me aproximou ainda mais do futebol, do jornalismo esportivo. Era luz em um meio de muitos profissionais e programas ainda defasados ou rasos. Mais que isso, era esperança em um mundo que está de cabeça pra baixo – no futebol também. Onde o errado parece o certo. Em que precisamos pedir e convencer o ser humano de cuidar da própria saúde.

Paulo Soares, outra referência em jornalismo esportivo, o “Amigão”, disse que RR tinha 1 milhão de amigos. Verdade pura. Rodrigo Rodrigues era amigo do bem. E para estes, raros, sempre deve haver um espaço em nossos corações.

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