A real renovação
A ascensão desta maléfica polarização não pode alcançar os municípios, caso contrário, estaremos possivelmente em um caminho sem volta
As desilusões recentes com a política brasileira acarretaram na famosa polarização entre o que é vulgarmente conhecido como esquerda e direita. Digo “vulgarmente” porque entre esquerda e direita existem incontáveis posicionamentos e opções.
Nas eleições de 2018, havia ideologia para todos os gostos: candidatos de centro, de direita, de esquerda, de centro-esquerda, de centro-direita, de extrema-esquerda e de extrema-direita. Todavia essa polarização não advém somente de ideologias partidárias puras. O contraste que vivemos hoje é fruto da incapacidade de diálogo entre os partidos políticos, principalmente entre aqueles que encabeçam, desejam e se alimentam dessa dicotomia, numa clara negação das nuances que existem entre esses extremos da política.
Infelizmente, a população está desestimulada pelas constantes crises econômicas e políticas. Além de sofrer com a atual pandemia que assola a nação, parece não ter perspectiva de mudança desses cenários. Todo este sentimento coletivo de desesperança, que é fomentado por constantes brigas de narrativas entre os partidos que representam os polos opostos, acaba por manter esse ciclo vicioso de polarização nas urnas. Um extremo ataca o outro em vez de promover um debate político de ideias.
As redes sociais replicam este embate, com as mais diversas e vis adjetivações entre pessoas comuns, políticos, ex-presidentes e até o atual ocupante da cadeira presidencial. Evidentemente, este não é o caminho democrático. Um projeto sério de nação precisa de paz e harmonia entre os poderes, as instituições e o povo.
A ascensão desta maléfica polarização não pode alcançar os municípios, caso contrário, estaremos possivelmente em um caminho sem volta. Juiz de Fora precisa e merece ser governada por partidos e prefeito que saibam dialogar amplamente com todos os setores, com ética, e, principalmente, que estejam fora desse antagonismo político que nada acrescenta ao país. Ao contrário, tira a paz das redes sociais, das famílias e dos amigos. Este caminho não constrói pontes, ao contrário, destrói laços e, em última instância, prejudica a democracia. Devemos buscar a conciliação de interesses, passando bem longe de cenários de polarização, rupturas e violência. É assim que finalmente encontraremos a real renovação.