Forum da Cultura celebra 48 anos com apresentações virtuais

De portas fechadas, espaço aposta no YouTube, em projeto nas redes sociais e promete novo site


Por Júlio Black

15/07/2020 às 07h00

Mesmo que a data não seja “redonda”, o Forum da Cultura da UFJF comemora no próximo dia 30 seus 48 anos de existência com atividades que, por conta da onipresente pandemia de Covid-19, precisam se restringir ao mundo virtual. Uma delas é o “Encontros musicais”, no canal da instituição no YouTube, além do “Histórias do Forum”, no Facebook e Instagram (@forumdaculturaufjf) do Forum da Cultura, que planeja disponibilizar uma nova versão do site no dia de seu aniversário.

Com o espaço fechado desde meados de março, o diretor Flávio Lins conta que esses quase quatro meses foram “um exercício de criatividade para toda a equipe” quanto ao que fazer e também ao como fazer. Um dos motivos era a indefinição quanto ao tempo que as atividades seriam interrompidas, incluindo a programação do Museu de Cultura Popular – que tinha programação definida até o final do ano – e o edital de ocupação da galeria (interrompido, terá inscrições reabertas com novo prazo para quem ainda não se inscreveu). Ele destaca que o Grupo Divulgação e o Coral da UFJF também se valiam do Forum para suas atividades.

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“Já que não podemos receber os visitantes, passamos a dar maior visibilidade ao acervo nas redes sociais. A gente já desenvolvia postagens regulares relativas ao acervo, e agora as publicações tomaram mais peso. Boa parte da nossa energia foi para essas ações”, explica, acrescentando ainda o arraial on-line realizado em junho. “Tentamos levar todos os aspectos da festa junina e demos visibilidade ao acervo do Museu, que tem muitas peças ligadas às festas juninas, julinas etc.”

Juliana Costa e Michelle Flores abriram a série de apresentações do “Encontros musicais” (Foto: Reprodução)

Dividindo a tela, mas não o mesmo cômodo

Tendo a internet como ferramenta para manter as atividades, a equipe do Forum desenvolveu três projetos relativos ao aniversário da casa. Um deles, o “Encontros musicais”, teve início no último dia 7, no YouTube, e já conta com quatro dos dez vídeos previstos. A iniciativa substitui o “Concertos de outono”, que sequer teve o edital lançado.

A série começou com a soprano Michelle Flores e a pianista Juliana Costa, que apresentaram uma ária da ópera “Romeu e Julieta”, de Charles Gounod. O segundo vídeo tem Juliana ao lado do baixo Guilherme Augusto de Oliveira, interpretando “Si La Rigueur”, de Jacques Halévy. Na sequência, foi publicado o vídeo com a interpretação da peça “Sancta Maria”, parte da história do Cine-Theatro Central, onde, nas primeiras décadas de sua inauguração, era executada como prefixo das elegantes sessões de cinema. Ela tem as participações da soprano Tamara Medeiros e do maestro Victor Cassemiro. A cantora mezzo-soprano Tâmara Lorenzeto e o pianista Thiago Ouchi interpretaram “Re dell’abisso affrettati”, primeiro ato da ópera “Un ballo in maschera”, do italiano Giuseppe Verdi.

Os próximos vídeos reúnem o tenor Alexandre Pereira e o pianista Marcus Medeiros; o violonista Frederico Grunewald e a flautista Janice Vallo; o quinteto formado pelo tenor Alexandre Pereira, a soprano Luane Voigan, o pianista Thalyson Rodrigues e os violinistas Ladislau Brun e João Paulo Faria; Juliana Costa e a soprano Ana Sukita; e o barítono Elmir Santos com o pianista Thalyson Rodrigues.
“Esse projeto foi tomando forma informalmente, e se tornou um sucesso”, comemora Flávio. “Alguns artistas se apresentaram ano passado no ‘Concertos de outono’, e fomos conversando, sugerindo, e a coisa foi crescendo. Cada artista gravou na sua casa, com seus recursos, e depois transformamos num encontro.”

Espaço que comemora 48 anos no próximo dia 30 está fechado desde março por causa da pandemia do novo coronavírus (Foto: Divulgação)

Histórias que merecem ser lembradas

A outra iniciativa, “Histórias do Forum”, chegou com a proposta de fazer uma retrospectiva da história cultural juiz-forana – e não apenas do Forum da Cultura -, sem esquecer de dialogar com a cena cultural nacional. Nele, Flávio explica que a equipe do espaço busca resgatar eventos como a inauguração do Forum, exposições e outros momentos relevantes.

“Fizemos uma pesquisa sobre 1972, por exemplo, e notamos que foi um ano efervescente em Juiz de Fora. Foi quando, por exemplo, a Clara Nunes venceu o 5º Festival de Música Popular Brasileira de Juiz de Fora com ‘Tristeza pé no chão’, do Mamão; a Galeria Celina, da família Bracher, ainda estava em atividade. Este projeto foi tão bacana que decidimos mantê-lo mesmo depois do aniversário.”

Quanto ao novo site, o objetivo é atualizá-lo para dar mais acessibilidade e interatividade, melhorando a navegabilidade. “Queremos que as pessoas tenham mais facilidade para falar com a gente, e também facilitar a inclusão de mensagens e vídeos, além da realização de mostras virtuais. Estamos trabalhando para deixar o site pronto para o dia 30, colocamos todas as forças nisso. Estamos aprendendo muito com esse trabalho, buscamos pesquisar que tipo de material as pessoas apreciam mais, o que mais atrai o público”, diz Flávio.

“Queremos manter esses espaços, essas iniciativas, vivos na cabeça das pessoas, nosso público on-line tem aumentado bastante”, acrescenta, destacando que o Museu de Cultura Popular tem mais de três mil peças em seu acervo. “Queremos manter isso quase que permanentemente em exposição, o que esperamos fazer com o novo site, em paralelo aos projetos presenciais quando o Forum retomar as atividades.”

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A grande questão: quando?

Sobre a reabertura do Forum da Cultura, Flávio Lins sabe que ainda não é possível especular uma data, mas não deixa de ser uma das grandes questões discutidas pela equipe. “Temos conversado muito sobre isso, sabemos que assim que reabrir teremos que seguir algumas orientações dos órgãos que controlam os museus em nível nacional, dos órgãos de saúde. Possivelmente reabriremos com capacidade reduzida para as visitas, os concertos, talvez visitas agendadas com grupos pequenos. A Pró-Reitoria de Cultura está monitorando isso tudo, mas este ano dificilmente reabriremos para um público grande.”

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