Novo normal

Num cenário em que as vacinas ainda estão em pesquisa, a retomada das atividades é um dado necessário, mas devidamente adaptado às medidas de segurança


Por Tribuna

05/07/2020 às 07h00- Atualizada 06/07/2020 às 12h30

Uma das questões recorrentes em tempos de pandemia é como será o chamado novo normal, em que será preciso conviver com o vírus diante da necessidade de se tocar a vida e os negócios. Enquanto as vacinas estão em fase de pesquisa, as medidas de isolamento para quem precisa, e precaução para os demais, são a face explícita do futuro, mas o evento global já muda cenários em todos os quadrantes. O comércio on-line é um deles, pois nunca se comprou tanto por meio de aplicativos como nos últimos quatro meses.

Mas há consequências. A compra se efetiva via digital, mas a entrega exige o viés humano, que vai às ruas, como os motoboys classificados como prioritários para bares e restaurantes e outros serviços, embora eles também estejam expostos a contaminações. As medidas protetivas para o setor ainda são precárias, como foi apontado no dia 1º, quando a categoria fez um dia de boicote, denunciando suas condições de trabalho. Haverá mudanças?

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O novo normal vai influir nas relações e até mesmo na política. Com a definição do calendário eleitoral de 2020, para eleição de prefeitos e vereadores, os partidos têm pela frente o desafio de defender seus projetos apartados do velho modelo de corpo a corpo. A estratégia passou por mudanças com o advento da campanha digital, mas a velha fórmula ainda se mostra mais adequada, sobretudo para os candidatos com menor poder aquisitivo. Usar as redes sociais com eficiência não é um trabalho simples. Ele exige estratégia, equipe e recursos para dar certo.

O primeiro teste ficará por conta das convenções partidárias, quando serão oficializados os candidatos ao Executivo e ao Legislativo. Antes eventos marcados pelo viés festivo, por serem o início da jornada eleitoral, com grandes aglomerações, terão que ser feitos no ambiente frio do distanciamento. Mas é do jogo. A grande questão ficará por conta dos próprios partidos, que terão que estruturar seus projetos, dando a todos os postulantes oportunidades idênticas, algo difícil até mesmo em momentos anteriores, quando a maior parte dos recursos vai para os candidatos a prefeito e para restritos grupos de candidatos.

O novo normal é desafiador, pois ainda há segmentos que não compreenderam a extensão dos riscos. Imagens da última sexta-feira mostraram bares do Rio de Janeiro lotados por frequentadores sem máscara de proteção e ainda fazendo graça com a pandemia. Em Juiz de Fora, tal atitude levou ao recuo da flexibilização do setor, cobrando a conta de todos, embora a maioria estivesse cumprindo as regras.

A tecnologia será a ferramenta base para os novos tempos, mas a população, em todas as suas camadas, continuará sendo a matriz da solução ou dos impasses. Tudo dependerá de como vai responder ao futuro que já se faz presente.

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