Erros e acertos
O enfrentamento ao coronavírus tem sido marcado por decisões desencontradas, fruto, em parte, de uma coordenação, mas população também precisa fazer a sua parte
Aumentar o número de testes da população é fundamental para a definição de estratégias de enfrentamento à Covid, daí a importância do projeto Frente de Combate ao Coronavírus – Protocolo JF, a ser lançado na cidade no início do mês que vem. A meta é realizar cerca de 5 mil testes na versão RT-PCR, que garante resultados mais seguros da contaminação. A partir dos dados, colhidos por meio de um aplicativo, será possível verificar o grau de contaminação, pois os pacientes serão chamados a apontar o seu entorno, isto é, pessoas com as quais têm proximidade, para também serem avaliadas.
Países como a Coreia e a Alemanha saíram na frente por conta de ações estratégicas que tomaram tão logo as primeiras contaminações foram verificadas. Sem as dificuldades financeiras de vários outros países, aplicaram testes em massa, o que aqui só será possível com a participação da iniciativa privada. O Governo já apontou não ter recurso e a falta de coordenação entre as instâncias só agrava a situação.
Todo esse trabalho, no entanto, só terá eficácia se a população fizer a sua parte. Quem puder ficar em casa deve fazê-lo. Quebrar esse ciclo por mero tédio é um contrassenso, o que não pode, porém, ser cobrado daqueles que necessariamente têm que ir às ruas, não só por conta de seu trabalho, mas em função de atividades essenciais. Situações como o Mirante da BR-040, agora interditado, não teriam ocorrido se houvesse um mínimo de conscientização.
Parte desse processo é fruto da inação das próprias autoridades que andaram batendo cabeça por conta do desconhecimento de como enfrentar o vírus e por razões meramente políticas, deixando o interesse coletivo em segundo plano. Na primeira hipótese, há justificativas, pois ainda não se conhece completamente o perfil do novo coronavírus. Muitas perguntas ainda carecem de respostas, e só o tempo e as pesquisas poderão dar. Daí, decisões desencontradas que são implementadas à base de acertos e erros.
O problema principal é quando as decisões são tomadas por mera picuinha política, na qual as partes estão mais voltadas para o próprio umbigo do que para a população. Há, é fato, questões ideológicas que até fazem parte do jogo por questões de pontos de vista, mas, quando o impasse tem mero interesse eleitoral, não há justificativa que o sustente.
O pico da pandemia, de acordo com os cientistas, ainda não aconteceu, devendo ocorrer até meados do mês que vem. Até lá, a ação mútua da ciência e da economia será o vetor a ser seguido, sobretudo se ambas estiverem consensualmente certas do que seja melhor para o coletivo.