Canjica doce repaginada para celebras a festa junina

Chef adapta receita de avó e relembra história de tradição familiar


Por Fabiane Almeida, estagiária sob supervisão de Wendell Guiducci

25/06/2020 às 20h00

“Fazer o melhor que pode, independente da ferramenta que tem, é o mais importante, colocando toda sua gratidão na comida”, reflete o chef de cozinha Victor Vital (Foto: Arquivo pessoal)

O barulho da panela de pressão ligada às 8h de domingo é uma das recordações mais marcantes do chef juiz-forano Victor Vital (@chef_victor_vital). Com 14 filhos, dezenas de netos e bisnetos, a avó Irene preparava o almoço cedo para alimentar uma família grandiosa. Casada com Seu Pedro, ela se mudou de Ubá para Juiz de Fora em busca de oportunidades. Começou fabricando salgados para vender de porta em porta e também em bares. Victor criou por ela uma admiração particular e a viu abrir um restaurante na Rua Padre Café, em São Mateus, onde ajudava a fechar marmitas para viagem e a fazer tarefas de limpeza, quando adolescente. Hoje, aos 89 anos, Dona Irene é tataravó e já não atua mais no fogão, mas acompanha a cria que seguiu seus passos, um entre dezenas de herdeiros.

“Para um cozinheiro, não conseguir continuar trabalhando é uma tristeza. Acho que ela me vê hoje como alguém que continua fazendo o que ela fazia. Só temos nós dois de cozinheiros na família, e o respeito que tenho pela cozinha se deve muito a ela. Fazer o melhor que pode, independente da ferramenta que tem, é o mais importante, colocando toda sua gratidão na comida”, reflete Victor, que aos 18 anos decidiu se qualificar na área.

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Em 2005, o jovem conseguiu sua primeira oportunidade de emprego como auxiliar de cozinha, e quatro anos depois, cursou o Senac e foi ao Rio de Janeiro para aprender mais sobre gastronomia. Em Juiz de Fora, trabalhou em alguns restaurantes e chegou a ter seu próprio delivery de comida japonesa. Hoje, aos 34 anos, é voluntário em um projeto social que oferece uma refeição semanal a pessoas em situação de rua (@juntos.jf), como uma forma de retribuir tudo que conquistou com a culinária. À frente da cozinha da Padaria Brasil, ele sonha em abrir um restaurante familiar, recuperando suas raízes nos pratos que a matriarca fazia. “Minha avó nunca teve caderno de receitas, tudo é de cabeça. Com a idade, ela esqueceu muita coisa. Pretendo, um dia, conversar com ela para resgatar isso.”

‘Mais gourmet’

(Foto: Moushua)

Uma dessas receitas combina bem com o cardápio típico da Festa de São João: uma deliciosa canjica doce com chocolate branco. “A festa junina era um momento em que eu saía de casa só para comprar as comidas típicas, quentão, canjiquinha amarelinha, pé-de-moleque e vaca atolada, e muitas pessoas procuravam minha avó para encomendar essa canjica. (Com o tempo) fui adaptando sua receita para se tornar a canjica mais gourmet, pelo processo de cocção e os insumos que usamos”, conta o neto.

Os anos de experiência e observação ensinaram Victor que até no preparo da canjica há segredos. Seu truque é deixar os grãos descansarem em água filtrada por uma hora, “para não soltar muito o amido de milho durante o preparo”. “Quando for escorrer a canjica desse descanso, lave em água corrente até sair toda a água branca. Na hora de cozinhar a canjica na pressão, acrescente canela em pó e açúcar para temperar a canjica e não ficar sem sabor”, indica.

Canjica gourmet com chocolate branco e amêndoas

Ingredientes
500g de canjica branca
2,5 litros de água filtrada
1 colher (sopa) rasa de canela em pó
100g de açúcar refinado
1 litro de leite
100ml de leite de coco
200g de chocolate branco
2 caixas de leite condensado
1 caixa de creme de leite
100g de coco ralado fresco
100g de amendoim torrado moído
50g de amêndoas laminadas

Modo de preparo
Em um recipiente, cubra a canjica com água filtrada e deixe descansar por uma hora. Depois desse tempo, lave a canjica e leve ao fogo em uma panela de pressão com a água, o açúcar e a canela em pó. Deixe em fogo médio até obter a pressão. Logo em seguida, abaixe o fogo e deixe por aproximadamente 40 minutos, ou até que a canjica fique macia. Após esse processo, caso fique um pouco de água, escorra um pouco dessa água e acrescente o leite, leite de coco, creme de leite, chocolate branco e o leite condensado. Mexa em movimentos circulares em fogo baixo até obter cremosidade em sua canjica. Desligue o fogo, acrescente o coco ralado e o amendoim torrado, passe para uma travessa de sua preferência e finalize com as amêndoas.

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