Revisão de conceitos
A formação desnecessária de aglomerações é um problema a ser compreendido pela própria população, sobretudo por ser ela a mais afetada pela contaminação do coronavírus
O governador Romeu Zema admitiu endurecer as regras de isolamento em Minas Gerais caso os registros de coronavírus aumentem acima das expectativas, colocando em risco de colapso a rede pública de UTIs, como já ocorre em algumas regiões. Municípios que já tinham mudado suas orientações, com a flexibilização dos serviços, estão revendo seus conceitos ante a nova onda. Em Juiz de Fora, o prefeito Antônio Almas, durante entrevista coletiva, disse que tão cedo a cidade não sai da onda verde, aquela que determina o funcionamento apenas dos serviços considerados essenciais.
Se há danos para o setor produtivo, boa parte da população também não colabora. Os bares voltaram à estaca zero por conta de alguns incautos que não respeitaram as regras, impondo uma punição aos demais. Mas os exemplos de aglomeração e desuso das máscaras puderam ser observados também em outras situações. No último domingo, por exemplo, o Mirante da BR-040 parecia um balneário tamanho o número de pessoas que lá estavam, com boa parte sem a devida proteção.
Ignorar os riscos é algo inadmissível por mais penoso que seja o isolamento obrigatório com as suas próprias consequências, como a ansiedade.
O grave desse enredo é que os que não temem a contaminação não têm o risco apenas em si próprios. Ao contrário, são fortes propagadores da doença, afetando a saúde dos próprios familiares e de colegas de algum tipo de atividade. Também nesses casos, os demais pagam por uns poucos.
O enfrentamento à Covid-19 é uma causa coletiva, sobretudo quando as informações a seu respeito ainda são insuficientes. O pico da doença é um dos desafios. Em princípio, deveria ocorrer em maio. As projeções, em seguida, foram levadas para junho. O mês já está no seu último terço e as fichas, agora, são jogadas para a primeira quinzena de julho. O que se sabe, de certo, são os números de ocorrências: eles continuam em ascensão, e o Brasil, já há algum tempo, mantém-se no trágico topo dos mais afetados, ficando atrás apenas dos Estados Unidos em casos de morte.
A contaminação pelo coronavírus, enquanto não for encontrada uma vacina, vai continuar, a despeito de todas as precauções e só com cuidado será possível vencer essa etapa sem situações mais graves que levem ao esgotamento dos leitos de UTI. Hoje, a conta não fecha, sobretudo em Juiz de Fora, sede de uma macrorregião com quase dois milhões de habitantes. O abuso cometido por alguns pesa nessa balança e compromete, inclusive, medidas que são necessárias, mas impraticáveis diante do atual estágio da doença.