Ecos da pandemia
Número de ambulantes cresce em decorrência da pandemia e tende a se agravar se as atividades econômicas não forem retomadas no devido prazo
Se antes da pandemia o número de trabalhadores informais já era expressivo no país, bastando ver os dados de ambulantes sem registro em busca do ganha-pão, não haverá surpresa se o cenário for mais grave na fase posterior à doença. Os primeiros ensaios já são preocupantes, como a Tribuna apontou ao indicar que “trabalhadores vão para a informalidade das ruas para sobreviver”. Na quarta-feira passada, o jornal contabilizou, ao menos, 85 vendedores. No último domingo, o matutino O Globo também passou pela mesma trilha ao revelar que mais de 50% da população do país está sem trabalhar. O cálculo é do Ipea, sinalizando uma queda maior do que a apontada por indicadores de trabalho até agora.
Os indicadores devem servir, também, para a tomada de decisões das instâncias de poder desde que implementadas com os necessários cuidados para evitar a doença. Países que agiram com mais presteza já começam a reabrir sua economia por saberem que o setor produtivo é estratégico em todos os sentidos. O desemprego é um dado grave, influindo até mesmo na cidadania, o que exige preocupações imediatas.
Ante essa situação, a reabertura dos negócios, embora soe como um contraponto ao que recomendam as ciências médicas, não pode ficar fora da agenda dada a sua importância. É fundamental buscar saídas conciliatórias, capazes de garantir a segurança necessária na volta da economia com o controle das ruas, onde ocorrem as aglomerações. Para tanto, não basta tirar o povo do comércio se há aglomerações nas ruas ou se nos pontos de atendimento o acesso é feito sem controle. Deve ser realizado um amplo trabalho em que todos tenham a oportunidade de ir adiante.
A discussão, portanto, não se esgota nos comitês locais. No caso de Juiz de Fora, as prefeituras do entorno têm que se envolver no debate e ser cobradas sobre quais as providências estão sendo tomadas para evitar a contaminação. Caso contrário, a metrópole pagará o preço de importar os doentes e ficar sem leitos para o atendimento, sabendo-se que a sua ocupação é o vetor que norteia as ondas implantadas pelo programa Minas Consciente. Não faz sentido a cidade aderir às regras e pagar o preço pela eventual leniência dos que, deliberadamente, ficaram de fora.