Jogos paralelos

O enfrentamento à Covid-19 tem sido marcado por discussões fora do contexto médico ou econômico, dando margem até a questões eleitorais


Por Tribuna

19/05/2020 às 06h58

Com 624 mortes nas últimas 24 horas, o Brasil já contabiliza 16.792 óbitos e já passou o Reino Unido em infectados pela Covid-19. Trata-se de uma corrida em que ficar na frente é um dado perverso, e o país, agora, já é o terceiro do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, que tem 1.504.386 de infectados, e da Rússia, com 290.678. De acordo com a universidade norte-americana Johns Hopkins, 254.220 brasileiros estão infectados, com possibilidade de mais casos à medida que se ampliam os testes.

Os números podem estar subnotificados em várias partes do mundo não apenas pela falta de testes, mas também pela insuficiência de informações que acabam resultando em dados imprecisos. Por várias razões, a divulgação tem sido um transtorno, embora o caminho ideal seja o da transparência não só por questões de direito coletivo à informação precisa, como também por saúde pública, a fim de apontar a extensão da pandemia.

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Se a divulgação de dados já é problemática, o enfrentamento também tem seus momentos de dificuldades, pois as consequências da doença não se esgotam no número de óbitos ou de infectados. Há também repercussões econômicas que levam a um enfrentamento entre ciência e economia que deveria ser resolvido à mesa. Os dois lados, no entanto, se fecham em suas razões, e o impasse leva ao pior dos mundos.

Some-se isso o uso político que tem tangenciado as discussões. Há, de fato, os que estão cercados de claras intenções, mas há aqueles que tentam, de uma forma ou de outra, tirar proveito da situação. Num ano eleitoral, o encaminhamento das demandas acaba passando, ora pelo viés meramente eleitoral, ora pelo lado ideológico, com cada um indicando sua visão para enfrentar a pandemia.

Embora não haja consenso, é fundamental tratar o tema com olhos voltados para o futuro. Países que passaram pelo momento crítico já adotam a flexibilização de suas atividades. No Brasil, um dos pontos de insegurança é a ausência de dados em torno dessa curva. O pico já foi anunciado para o início e meio do mês de maio, agora prorrogado para o fim do mês. Enquanto isso, pouco se avança em questões importantes que dependem dessas informações

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