“Não poder fazer o que ama é muito estranho”, diz Felipe Roque

Oposto juiz-forano rescindiu com o Minas e está há quase dois meses sem treinar com o cancelamento da Superliga


Por Fabiane Almeida, estagiária sob a supervisão do editor Bruno Kaehler

06/05/2020 às 17h03

A notícia do cancelamento da Superliga Masculina de Vôlei impactou, naturalmente, os jogadores como o juiz-forano Felipe Roque, oposto que defendeu o Minas Tênis Clube/Fiat. Sem poder treinar ou malhar como em sua rotina normal, o que restou ao atleta é aguardar, em isolamento, que a próxima temporada possa começar logo.

O ano ia bem para o Minas, time da capital mineira que ocupava a sexta posição da tabela de classificação e se preparava para os playoffs. “Acredito que tenha sido a Superliga mais equilibrada, tanto para os líderes quanto para aqueles que estavam mais a fundo na tabela. Todos estavam com nível parecido. O Minas começou mal, mas fomos criando liga entre os jogadores. No começo desse ano fizemos bons jogos, ganhando de times grandes como Sesi-SP, Sesc e Taubaté. Crescemos muito. Mas quando íamos para os playoffs, aconteceu a paralisação. Ficamos na expectativa de voltar, mas não teve como”, conta Felipe, formado no Bom Pastor/JF Vôlei e que, aos 22 anos, acumula quatro Superligas disputadas.

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Para o atleta, a decisão por encerrar o campeonato era a mais esperada, visto que o desempenho seria prejudicado pelo período sem partidas. Na reunião, ocorrida em 20 de abril, porém, o Minas chegou a votar pela continuidade, assim que fosse possível. A decisão do cancelamento foi tomada por sete votos a cinco.

“A opinião do nosso diretor (do clube) dizia que, se ficasse mais de 15 ou 20 dias parados, não seria interessante voltar porque os jogadores perdem muito física e tecnicamente, fora que o índice de lesão poderia aumentar muito. Sabíamos que os jogos não iam voltar tão rápido, pois o Brasil ainda não está no pico da pandemia, então não tinha o que fazer mesmo”, concorda Felipe.

Felipe Roque ainda irá discutir sequência no Minas Tênis Clube (Foto: Reprodução Instagram)

Ainda sem saber como será a temporada 2020/2021, o atleta tem esperança de dias melhores. Como de costume, a virada de calendário no vôlei deveria começar entre julho e agosto. No entanto, o impacto econômico sobre clubes e jogadores deve ser inevitável, segundo as previsões do juiz-forano. “Acredito que, até lá, as coisas tenham melhorado. Se acontecer disso realmente passar, acho que a temporada começa normalmente. Porém, muitas equipes vão ter problemas com patrocinadores, porque essa situação está influenciando muito na economia do país, o que pode pesar negativamente na próxima temporada. Até mesmo o valor dos atletas no mercado pode cair. Para jogar nesses times, os atletas vão ter que diminuir o preço”, reflete.

Mais um ano para Tóquio

Registrando convocações para a seleção brasileira desde 2015, passando da base para o adulto no ano passado, Felipe Roque almeja estar na próxima edição dos Jogos Olímpicos. Com a pandemia e o adiamento dos Jogos para 2021, a lista de convocações nem chegou a ser divulgada, o que deixa margem para a esperança.

“Ao mesmo tempo que foi triste o adiamento, pois todos estavam se preparando para esse momento, vou ganhar um ano a mais para me preparar para disputar vaga na Olimpíada. Como nessa disputa sou o mais novo, um ano a mais treinando e jogando me ajudará na maturidade e bagagem para bater de frente com o pessoal mais velho”, planeja com otimismo.

Depois do isolamento, a readaptação

Felipe retornou à sua terra natal desde que interromperam os treinos. Tendo encerrado seu contrato de três anos com o Minas, o atleta só voltou a Belo Horizonte para assinar a rescisão nessa semana. A possibilidade de firmar um novo contrato ou não ainda está em análise. Enquanto isso, o atleta tenta manter o condicionamento físico em casa, assim como outros jogadores.

“Tenho equilibrado a alimentação e feito exercícios, tentando manter a parte física da melhor forma possível, com aeróbicos e bicicleta, como nosso preparador passou. Mas isso não chega nem perto de como seria se estivéssemos malhando normalmente. Estamos completamente parados, sem contato com bola”, conta.

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Sem sua rotina habitual, Felipe tenta se ocupar com outras atividades e estudos, mas afirma que o isolamento está sendo um desafio. “Não poder fazer o que a gente ama é muito estranho”. Apesar de tudo, ele mantém contato com os companheiros de equipe, que se tornaram amigos.

Quando tudo voltar ao normal, porém, outro desafio terá início: a readaptação. “Acredito que vá ter uma dificuldade para os atletas voltarem ao ritmo e estarem bem fisicamente, pois é muito tempo sem poder malhar e praticar. Teremos que ter um retorno devagar para nos adaptarmos novamente.”

Tópicos: coronavírus / vôlei

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