Desafios de Teich

Novo ministro, por recomendação do próprio presidente, terá que conciliar as visões do chefe do Governo com as da equipe que deixou o Ministério da Saúde


Por Tribuna

19/04/2020 às 06h41

O novo ministro da Saúde, Nelson Teich, teria dito ao presidente Jair Bolsonaro que precisará de pelo menos 15 dias para apresentar suas metas de trabalho, por carecer de dados da equipe do ex-ministro Henrique Mandetta – a transição começou já na sexta-feira -, e precisar montar a sua equipe. No discurso de posse, ele não citou nomes nem disse quais são as ações primárias, destacando, apenas, que pretende conciliar saúde e economia, mesmo reconhecendo a importância de se preservar vidas. Há, no seu entendimento, desencontro de informações, sobretudo por não haver testagem suficiente.

Seguro nas afirmações, o ministro causou boa impressão, mas só haverá espaço para aferir seus projetos depois de apresentá-los, embora já se saiba, como ele mesmo destacou, ser o maior desafio de sua carreira. De fato, a Covid-19 é um impasse mundial. Até mesmo os principais centros de pesquisa ainda não conseguiram decifrar seus códigos, havendo apenas experiências. A despeito das expectativas, a ciência tem um timing próprio e não pode atropelar processos sob o risco de haver problemas posteriores.

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O presidente Jair Bolsonaro, na mesma solenidade, disse que ele e Mandetta, embora com objetivos comuns, têm pontos de vista diferentes e recomendou a Teich que os juntasse e dividisse por dois, numa clara sinalização de que é preciso conciliar o combate à pandemia, priorizando vidas, com a retomada dos trabalhos para garantir empregos.

O novo ministro tem esse olhar, mas só depois de tomar pé da pasta é que vai dizer o que será feito, sobretudo num período previsto como o mais crítico da pandemia no Brasil. A equipe que saiu advertiu que maio e junho serão os meses com maior número de ocorrências.

Num cenário de incertezas, todas as medidas são importantes e devem ser levadas em conta, mas é necessário – e o ministro disse conhecer essa questão, sobretudo por ser médico – garantir que as vidas, sejam preservadas, sejam elas dos grupos de risco ou não, pois não faz sentido ter uma visão utilitarista e deixar idosos e pessoas com algum tipo de comorbidade fora da lista de prioridades no atendimento.

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