Povo nas ruas

Fiscais são cobrados, mas as aglomerações são resultados de desinformação e, também, da necessidade dos que não podem ficar em isolamento


Por Tribuna

16/04/2020 às 06h57

Fiscais de posturas da Prefeitura de Juiz de Fora têm encontrado dificuldades para cumprir o decreto de isolamento social. O argumento inicial é o que chamam de falta de clareza da legislação, por carecer de dados objetivos para ser executada. Outro ponto levantado é o papel da população. A despeito de todas as campanhas, há uma sistemática insistência em permanecer aglomerada, muitas vezes – é um fato -, por força da necessidade, ora no banco, ora no ônibus e até mesmo nas calçadas.

A discussão é pertinente quando a categoria é citada diante do cenário de aglomeração, especialmente na periferia, onde o controle é problemático, sobretudo pela falta de efetivo. Embora seja um dos órgãos mais cobrados pela opinião pública, são poucos os que conhecem a sua realidade. Há anos o noticiário vem apontando as carências do setor, que só se evidenciam em momentos como este ou em outras situações consideradas críticas na vida da cidade.

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Recentemente, os tumultos em pontos de grande concentração, especialmente nos bairros Alto dos Passos e São Mateus, foram temas nos quais a fiscalização estava em foco. Para uma cidade com quase 600 mil habitantes, o efetivo é precário, pois ainda há desfalques de licenças médicas e aposentadorias que ajudam a reduzir as ações do setor.

No momento em que todos são chamados a participar, a sociedade deve ser a primeira a agir, mas, em não o fazendo, deve ser alertada não apenas pelos fiscais. Com a inauguração de um comitê de enfrentamento, outros segmentos podem participar, como ocorre nas ações nas quais a polícia ou a Guarda Municipal dão suporte aos agentes. Essa questão, aliás, foi levada ao Governo para discussão.

Pelo andar da carruagem, e mesmo diante de protestos, como os desta quarta-feira, quando uma carreata cobrou a reabertura do comércio, é pouco provável que antes do fim do mês alguma coisa mude. O prefeito Antônio Almas tem baseado suas ações em critérios técnicos, mesmo conversando frequentemente com lideranças do comércio, dos serviços e da indústria para encontrar uma alternativa. Esse cenário se repete pelo país afora, revelando um quadro de incerteza que não é só comum no Brasil, mas também pelas outras partes do mundo.

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