Povo nas ruas
Fiscais são cobrados, mas as aglomerações são resultados de desinformação e, também, da necessidade dos que não podem ficar em isolamento
Fiscais de posturas da Prefeitura de Juiz de Fora têm encontrado dificuldades para cumprir o decreto de isolamento social. O argumento inicial é o que chamam de falta de clareza da legislação, por carecer de dados objetivos para ser executada. Outro ponto levantado é o papel da população. A despeito de todas as campanhas, há uma sistemática insistência em permanecer aglomerada, muitas vezes – é um fato -, por força da necessidade, ora no banco, ora no ônibus e até mesmo nas calçadas.
A discussão é pertinente quando a categoria é citada diante do cenário de aglomeração, especialmente na periferia, onde o controle é problemático, sobretudo pela falta de efetivo. Embora seja um dos órgãos mais cobrados pela opinião pública, são poucos os que conhecem a sua realidade. Há anos o noticiário vem apontando as carências do setor, que só se evidenciam em momentos como este ou em outras situações consideradas críticas na vida da cidade.
Recentemente, os tumultos em pontos de grande concentração, especialmente nos bairros Alto dos Passos e São Mateus, foram temas nos quais a fiscalização estava em foco. Para uma cidade com quase 600 mil habitantes, o efetivo é precário, pois ainda há desfalques de licenças médicas e aposentadorias que ajudam a reduzir as ações do setor.
No momento em que todos são chamados a participar, a sociedade deve ser a primeira a agir, mas, em não o fazendo, deve ser alertada não apenas pelos fiscais. Com a inauguração de um comitê de enfrentamento, outros segmentos podem participar, como ocorre nas ações nas quais a polícia ou a Guarda Municipal dão suporte aos agentes. Essa questão, aliás, foi levada ao Governo para discussão.
Pelo andar da carruagem, e mesmo diante de protestos, como os desta quarta-feira, quando uma carreata cobrou a reabertura do comércio, é pouco provável que antes do fim do mês alguma coisa mude. O prefeito Antônio Almas tem baseado suas ações em critérios técnicos, mesmo conversando frequentemente com lideranças do comércio, dos serviços e da indústria para encontrar uma alternativa. Esse cenário se repete pelo país afora, revelando um quadro de incerteza que não é só comum no Brasil, mas também pelas outras partes do mundo.