Corrida municipal

Pré-candidatos já estão se apresentando, mas ainda faltam as convenções e, principalmente, a data da eleição, que pode ser mudada por causa do coronavírus


Por Tribuna

14/04/2020 às 06h21

O expressivo número de candidatos à Prefeitura, restando ainda a homologação pelas convenções, é emblemático, mas pode ser resultado não apenas da ideologização do processo político, mas também da mudança nas regras eleitorais. Sem poder fazer coligação para vereador, os partidos, especialmente os de menor porte, estão lançando candidatos majoritários para dar visibilidade à legenda. É uma estratégia que faz sentido, uma vez que nem todos têm meios para campanhas de grande porte.

Na avaliação de especialistas, será uma eleição diferente por conta de questões que vão para o palanque, como a saúde, agora em foco com o coronavírus, e a segurança pública, até então, uma agenda de candidatos a governador e à Presidência da República. Os municípios, antes de mudanças na legislação, não tinham atuação direta nessa rubrica. Agora têm. Ademais, no caso de Juiz de Fora, o tema é reforçado pelo perfil de vários pré-candidatos que se apresentaram ao eleitor.

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Com tantos candidatos e tantos partidos, constata-se, de novo, a necessidade da reforma política, que não saiu do papel. O Congresso fez uma reforma eleitoral, mas não atuou objetivamente em questões que pudessem, por exemplo, reduzir o número de partidos. A cláusula de desempenho foi apenas um ponto. Com tantas legendas, o eleitor fica à mercê da desinformação, pois não tem meios de conhecer sequer pontos básicos da linha programática de tais partidos, o que, de certa forma, favorece os mais conhecidos, mas ainda é cedo para tais conclusões.

Ademais, a capilaridade acaba sendo ruim para a democracia, pois não dá margem para partidos consistentes, capazes de representar um número mais expressivo de eleitores, e os que tinham esse perfil decepcionaram por inações ou ações equivocadas, sendo envolvidos em escândalos como os detectados pela operação Lava Jato. Agora, terão que se reinventar, a fim de recuperar o espaço perdido para esses novos atores.

Mas ainda é cedo para essa agenda, uma vez que não se sabe, sequer, se o pleito vai ocorrer no dia 4 de outubro. Os mais otimistas acham que é possível fazer a eleição em 15 de novembro, como em outros tempos, mas a Covid-19 continua sendo uma incógnita, por não se saber a sua extensão. Como já está na agenda do TSE, a data da eleição é o menor dos problemas. A questão está nos prazos burocráticos e nas convenções, por motivarem aglomerações, algo impensável no atual momento.

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