Surtos globais
Em tempos de globalização, há benefícios, mas as mazelas devem também ser levadas em conta, como a propagação de doenças, até bem pouco tempo localizadas apenas em determinadas regiões
A preocupação com o coronavírus é um dado relevante, por tratar-se de uma doença de espectro global e que ainda pode se desenvolver com mais ênfase no cone sul à medida que as temperaturas comecem a cair, mas é preciso ficar atento a outras endemias que estão incorporadas ao calendário brasileiro. Em Juiz de Fora, já foram apontados 39 casos suspeitos de dengue, de acordo com o boletim epidemiológico divulgado na última terça-feira pela Secretaria de Estado da Saúde. No mesmo levantamento, foram identificadas também seis notificações prováveis de chikungunya e um de zika, embora nenhum desses casos ainda tenha sido confirmado.
O mosquito da dengue tem o período pós-chuvas como momento ideal de proliferação, pois aproveita a água empossada. Descuidar desse aspecto é colaborar para o seu avanço. Enquanto as águas não dão trégua, é fundamental ficar atento às medidas que devem ser adotadas para evitar a repetição do grave cenário de 2018, quando Juiz de Fora registrou um dos maiores índices da doença. As notificações apontam para a cidade de Tocantins, a cerca de cem quilômetros de Juiz de Fora, como foco de maior incidência.
Os números da região são preocupantes. De acordo com os padrões da SES-MG, a incidência é considerada muito alta quando são registrados mais de 500 casos prováveis a cada cem mil habitantes. Nem todos têm população tão expressiva, mas as médias levam a esses níveis, apontando para a importância de projetos que não se esgotem nos municípios.
Embora a dengue, ao contrário do coronavírus, não passe pela contaminação direta, a propagação do Aedes aegytpi é uma realidade que passa por investimentos permanentes. Os municípios precisam manter campanhas de esclarecimentos e projetos para a extinção de focos, mais comuns em regiões sem saneamento e de descontrole ambiental.
A globalização tem suas virtudes, mas também traz junto algumas mazelas. O coronavírus, cuja matriz foi na China, hoje preocupa o mundo inteiro, derruba bolsas de valores e afeta, especialmente, o turismo. A dengue, que tem no Brasil o seu principal foco, tem consequências graves também na economia, pois eleva os custos da saúde, compromete o turismo e, sobretudo, tem consequências tão letais quanto o vírus que atormenta o mundo.