Cidades da região voltam a registrar ocorrências em decorrência da chuva

Com o grande volume de águas, rios transbordaram e afetaram diversos municípios


Por Leticya Bernadete, Michele Meireles e Iuri Fontana, estagiário sob supervisão da editora Rafaela Carvalho

04/03/2020 às 16h26- Atualizada 04/03/2020 às 21h03

Ainda se recuperando das chuvas que atingiram a Zona da Mata na última terça-feira (3), as cidades da região registraram novas ocorrências nesta quarta (4). Com o grande volume de águas, rios transbordaram e afetaram diversas cidades. Com a cheia do Rio Pomba, os municípios de Cataguases, Guarani, Tabuleiro e Rio Pomba estão em estado de alerta para a possibilidade de transbordamento, o que chegou a ocorrer em alguns pontos. Em Ewbank da Câmara, o aumento do volume de água no Rio Taboões levou a Prefeitura a tomar medidas de segurança. Outras cidades da região também foram afetadas por alagamentos, deslizamentos e outras ocorrências.

Com alagamento, ponte em Guarani é interditada

Águas do Rio Pomba subiram, e tráfego foi alterado em Guarani (Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação)

Por volta das 17h desta quarta-feira, o transbordamento do Rio Pomba na altura de Guarani levou à interdição da ponte que liga o município a Rio Novo e a Juiz de Fora. O acesso foi tomado pelas águas, assim como algumas ruas da cidade. A cheia deixou Guarani em estado de alerta, especialmente porque o Rio Pomba também recebe as águas do Rio Formoso antes de chegar à cidade.

PUBLICIDADE

Desde a noite desta terça, a administração municipal vem informando aos moradores, por meio das redes sociais, sobre o nível das águas, por conta das chuvas que caíram na cabeceira de ambos os rios, de acordo com o prefeito de Guarani, Paulo Neves (PV). Por motivos de prevenção, as aulas foram suspensas. “Estamos trabalhando para minimizar todos os efeitos da chuva, tanto os materiais, quanto para preservarmos a vida, que é o mais importante.”

Em pronunciamento na página do Facebook da Prefeitura de Guarani, o chefe do Executivo reforçou que todas as medidas necessárias foram tomadas. “A situação é grave, mas estamos conseguindo manter com tranquilidade, com serenidade.” Também por meio das redes sociais, a Prefeitura do município informou que o abastecimento de água seria suspenso nos bairros Divino Salvador, Largo da Matriz, Nova Guarani, Caxias, São Luiz e Centro. O abastecimento só será restabelecido após escoamento das águas. As aulas nas escolas municipais e estaduais foram suspensas nesta quinta-feira (5).

Defesa Civil de Cataguases monitora nível do rio

Cataguases também está entre os municípios que são cortados pelo Rio Pomba. De acordo com a Prefeitura, na tarde desta quarta, o nível do curso d’água estava em 4,67 metros, sendo que, para sair da calha, o nível deve estar em 5,30 metros. A Defesa Civil da cidade monitorou o rio ao longo de todo o dia. Por meio das redes sociais, o prefeito de Cataguases, Willian Lobo (PSDB), informou que uma equipe foi enviada a Astolfo Dutra para levantamento de dados a respeito do nível do Rio Pomba. O chefe do Executivo solicitou, ainda, que a população procure se informar pelos canais oficiais da Prefeitura. “A água que chega a Cataguases em volume de atingir as casas é de 5,8 a 6 metros. Antes disso, ela tem que passar por Astolfo Dutra, e o volume da água (naquele município) demora, em média, oito horas para chegar em Cataguases. Então, teremos o tempo hábil para levar informação da questão das enchentes.”

O Corpo de Bombeiros informou que, em Cataguases, o nível do Rio Pomba chegou a diminuir gradualmente ao longo do dia, entretanto, retomou a elevação por volta de 16h. A corporação seguia em alerta no município para apoios necessários.

LEIA MAIS: Bombeiros salvam duas vítimas de afogamento em Muriaé

Rio Pomba tem 60 pessoas desalojadas por conta das chuvas

Prédio foi interditado devido às cheias no Rio Pomba (Foto: Divulgação / Corpo de Bombeiros)

Também foram verificados alagamentos em Rio Pomba. Segundo a Prefeitura, um dos locais mais atingidos foi a rua que liga o Centro à localidade conhecida como Estação, próximo ao Bairro José Mendonça dos Reis.

Até por volta de 14h desta quarta-feira (4), a Defesa Civil de Rio Pomba, município distante cerca de 80 quilômetros de Juiz de Fora, contabilizou 60 pessoas desalojadas. Nove imóveis chegaram a ser interditados no município, sendo um prédio e nove casas. Um imóvel chegou a desabar na terça-feira, mas não houve vítimas, já que a Defesa Civil evacuou a residência no dia anterior ao desabamento. Por volta de meio-dia, o Corpo de Bombeiros foi acionado para resgate de 30 pessoas que ficaram ilhadas com a cheia do Rio Pomba.

Em entrevista à Rádio CBN Juiz de Fora, o coordenador da Defesa Civil de Rio Pomba, Hélio Gomes, informou que o nível do rio estava abaixando, entretanto, ainda existe preocupação. Conforme Hélio, a Defesa Civil visitou a Zona Rural de Rio Pomba para contabilizar os danos e verificar se há comunidades isoladas. As pessoas desalojadas estão sendo encaminhadas para acompanhamento psicológico e social.

Água sobe dois metros e atinge imóveis em Ewbank da Câmara

Foto: Reprodução/Whatsapp

Em Ewbank da Câmara, cidade distante de Juiz de Fora cerca de 35 quilômetros, as aulas precisaram ser suspensas nesta quarta-feira (4). Diversos pontos da Zona Rural do município foram interditados devido à queda de pontes, árvores e barreiras. De acordo com o prefeito do município, José Maria Novato (PPS), não houve desabrigados ou desalojados na cidade. Na noite de terça, algumas famílias foram retiradas de suas residências por questão de segurança, mas já retornaram nesta quarta. O município sofreu com alagamento devido à cheia do Rio Taboões. “A água subiu cerca de dois metros, atingindo muitas casas. Várias famílias perderam móveis, deu muita sujeira e muita lama dentro das residências e nas ruas”, conta o prefeito.

Parte da comunidade conhecida como Colônia de São Firmino, próxima à barragem de Chapéu D’Uvas, chegou a ficar isolada por conta da queda de barreiras. Entretanto, na manhã desta terça, a Prefeitura de Ewbank trabalhou para liberar um dos acessos à comunidade. “Estamos com equipes e máquinas que foram contratadas em caráter de emergência para suprir essa demanda em função das chuvas”, afirmou o chefe do Executivo.

O conteúdo continua após o anúncio

O vice-prefeito da cidade, José Sabino de Oliveira (PSDB), disse que esta quarta foi dedicada à avaliação dos prejuízos e trabalhos para limpeza e desobstrução das vias. Ruas ficaram completamente alagadas no fim da tarde de terça, a água encobriu carros e invadiu imóveis. Segundo ele, caminhões-pipa fazem a lavagem, e tratores retiram barrancos que cederam em vários pontos. A Administração Municipal está recolhendo, ainda, doações de móveis, roupas e produtos de higiene para as famílias que foram afetadas pelas chuvas. Nesta quarta, as aulas na cidade foram suspensas, porém, serão retomadas nesta quinta, como informou o prefeito José Maria Novato.

Casas desabam em Santos Dumont

Em Santos Dumont, a cerca de 50 quilômetros de Juiz de Fora, 19 pessoas ficaram desalojadas e sete ficaram desabrigadas. Segundo a Prefeitura do município, os bairros mais afetados foram o Santo Antônio, o Quarto Depósito e o Vila Esperança, além do distrito de São João da Serra e da comunidade do Patrimônio da Serra. Famílias precisaram deixar suas casas. No total, uma casa desabou totalmente, três desabaram parcialmente e outros 40 imóveis no Bairro Santo Antônio ficaram alagados.

Segundo a assessoria da Prefeitura, a casa que desabou na Rua Constantino Horta, no Bairro Quatro Depósito, foi completamente destruída. Uma senhora de 91 anos foi retirada do local e levada para um imóvel de parentes. Ela não se feriu.

Algumas vítimas da inundação foram levadas para o Colégio Municipal São José. Os distritos de São João da Serra, Campo Alegre, Dores e Posses ficaram isolados, já que as estradas que dão acesso a eles ficaram intransitáveis. A Secretaria de Agricultura trabalhou com máquinas desobstruindo os acessos nesta quarta.

A assessoria da Prefeitura destacou que se reuniu com representantes do Exército Brasileiro, que tem um plano de contingência em casos de tragédias. Ficou definido que os militares atuarão em situações emergenciais, como aquelas que há de risco de morte.

Três famílias desabrigadas em Matias Barbosa

População ribeirinha sofre com a elevação do Rio Paraibuna em Matias Barbosa(Foto: Fernando Priamo)

Em Matias Barbosa, a elevação do Rio Paraibuna alagou ruas e deixou três famílias desabrigadas nesta terça-feira. De acordo com informações da Prefeitura, moradores ribeirinhos foram retirados das áreas de risco e alojados em uma escola da cidade como medida preventiva. O município registrou outras ocorrências, como quedas de barrancos e árvores sobre vias públicas, e segundo o prefeito Carlos Lopes (PP), os trabalhos de limpeza e desobstrução já haviam sido concluídos na manhã desta quarta-feira.

O nível do rio também afetou o trecho da Estrada União Indústria na altura de Cedofeita. A Tribuna esteve no local por volta das 16h, quando a água cobria completamente o lado esquerdo da via e boa parte da faixa direita, no sentido Juiz de Fora para Matias Barbosa, deixando o fluxo na estrada comprometido.

BR-116 é interditada

Parte da BR-116, entre os municípios de Miradouro e Fervedouro, na altura do km 666, está parcialmente interditada. Segundo o Corpo de Bombeiros, um ponto da pista cedeu devido às chuvas dos últimos dias. Uma equipe do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) esteve no local realizando obras de modo a liberar a via gradativamente. Não há previsão para a liberação total do trecho.

Tópicos: chuva

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.