O resto é choro


Por Renato Salles

21/02/2020 às 06h00

“Tudo é culpa da arbitragem para o time brasileiro”. A frase é do jornalista André Rizek, no programa redação SporTV desta quinta-feira (20), ao comentar um lance duvidoso no empate do Flamengo com o Independiente Del Valle, pela primeira partida da decisão da Recopa Sul-Americana, no Equador. Sem entrar no mérito do lance, discussão que fica para outro foro, concordo com a fala do comentarista. É incrível o quanto choram clubes, jogadores, torcedores e, até mesmo, a imprensa brasileira.

Para muitos, o chororô geral e irrestrito na terra tupiniquim é algo “cultural”. Se o Neymar se joga e rola em qualquer trombada, é cultural. Se o técnico escuda a má atuação de seus comandados em supostos erros de arbitragem, cultural. Se o torcedor não reconhece os méritos do adversário e escusa todo tropeço no desempenho da arbitragem, também é cultural. Enfim, cultural ou não, isto é uma verdadeira chatice e infantilidade, que só joga contra o real desenvolvimento de nosso esporte.

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Vamos lá! De fato, o futebol não é o mais justo dos esportes. Nem sempre quem joga melhor vence, pois a bola pode caprichosamente flertar intermitentemente com a trave de um lado e balançar as redes em um único lance isolado do adversário do outro. Ok! Eu sei e admito que, por vezes, um erro de arbitragem pode condenar uma boa partida e decretar uma derrota imerecida, o que irrita por demais e fere a lisura do desporto. Mas, convenhamos, em mais de 90% dos casos o resultado das partidas são justos e merecidos e não têm qualquer influência da arbitragem, embora muita gente insista em ficar namorando lances em câmera lenta.

Sejamos francos: enquanto um torcedor reclama que “o juiz roubou e ‘pipipipopopó'”, muitas vezes ele está escondendo a incompetência de seu time, da comissão técnica e, principalmente, da diretoria do clube do coração. Na prática, está passando a mão na cabeça daqueles que lucram rios de dinheiro às custas da paixão do brasileiro pela bola, pouco se importando com vitórias ou derrotas. Tal comportamento em nada contribui para colocar o esporte no trilho do profissionalismo que tanto precisamos para voltarmos a ter o melhor futebol do planeta. É simples assim. O resto é choro.

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