A praça é nossa
Além da adoção dos equipamentos, é importante que se desenvolvam ações capazes de fazer com que a comunidade se sinta acolhida, integrada e até responsável pelas praças
Não é de hoje que a Tribuna vem mostrando a situação de abandono existente nas centenas de praças da cidade. Nas pequenas, localizadas em bairros e distritos, ou nas mais centrais, como o Parque Halfeld, vários são os problemas que aparecem ao longo dos anos: mato alto, desnível de pisos, falta de manutenção de estruturas, iluminação inadequada e presença constante de tráfico de drogas. A lista é enorme e mostra como um dos espaços mais democráticos para o exercício da coletividade urbana vem sofrendo com o descaso. Afinal, este é um local de encontro da comunidade.
A situação é ainda mais preocupante pela inexistência, cada vez maior, de espaços públicos de cultura e recreação. Diante da conjuntura econômica, é natural que famílias com baixa renda gastem apenas com o básico, relegando ao lazer o último lugar na lista de prioridades mensais. Mas uma praça viva é um convite a manifestações diversas: caminhadas de idosos, brincadeiras de crianças, apresentações musicais, teatrais e até eventos religiosos. O desafio, então, é fazer com que este equipamento seja apropriado pela coletividade, que deve se reconhecer e fazer presente nessa esfera pública.
Sabe-se que a restrição orçamentária vivida pelos municípios tem sido um dos fatores para a asfixia de investimentos, mas a questão econômica não pode servir de desculpa para o descaso, e a busca de parceria foi a solução encontrada pela Prefeitura. Nesta quinta, a Administração pretende divulgar o resultado de um chamamento público que permitirá a adoção de 112 praças de Juiz de Fora. O edital prevê parcerias entre o Poder Público e a sociedade civil, permitindo que o adotante possa construir, reformar e fazer manutenção dos equipamentos do espaço. A Prefeitura seguirá sendo responsável por esses locais, sendo que, neste modelo, não é permitido que se faça qualquer exploração comercial, econômica e/ou publicitária.
Representantes das associações de moradores, por sua vez, têm manifestado preocupação com a exploração comercial do local, mas a Administração garante que não se trata de privatização e que, em momento algum, será cerceado o direito de o cidadão usar o equipamento. Independentemente do resultado do chamamento público, é importante que todo esse processo seja acompanhado por um conjunto de ações capazes de despertar a comunidade para a importância de vivenciar o lugar comum, para que se sinta acolhida, integrada e até, consequentemente, responsável por suas praças.