Graves consequências
A ausência de investimentos e políticas públicas permanentes para o enfrentamento dos problemas gerados pelas chuvas é um dado para preocupação
Os temporais que assolam a região Sudeste mostram a vulnerabilidade das metrópoles que só agora ganha ênfase, como ocorreu na última segunda-feira, em São Paulo. A cidade mais rica do país tornou-se um rio só, quando Tietê e Pinheiros, que cortam a área urbana, saíram do leito, pararam o trânsito, inundaram prédios e fecharam até mesmo a maior central de abastecimento do país. Os prejuízos são incalculáveis.
As grandes cidades, é fato, também acumulam grandes problemas, mas é possível constatar que há pontos comuns com os demais municípios, respeitadas as devidas proporções. Um deles é o baixo investimento em políticas de prevenção. A cada temporal, a falta de obras fica exposta, com encostas em risco, ocupação desordenada, rios assoreados e bueiros entupidos. Com a impermeabilização cada vez maior, as ruas e as avenidas são o espaço perfeito para inundações.
Como as chuvas vão até março, até o fechamento do verão, é fundamental que, a partir do fim do ciclo das águas, os dirigentes, em todas as instâncias, avaliem o que ficou exposto e tomem providências para o futuro, uma vez que, de novo, a partir de dezembro, os temporais estarão de volta. Há muito a ser feito.
Em Juiz de Fora, como já foi dito neste mesmo espaço, as encostas passaram por revitalização nos últimos anos, mas a preocupação não se esgota aí. Muitas ocupações ainda ocorrem em áreas críticas, e os rios estão assoreados, sobretudo os canalizados. Juiz de Fora tem uma série de rios que não são vistos, mas correm por baixo de ruas e avenidas, a começar pela Presidente Itamar Franco, uma das mais importantes da cidade, que tem em seu subsolo o Córrego Independência. Não há notícias de quando ele passou por algum processo de limpeza, a despeito de, a cada ano, ganhar mais cargas de água pluvial e esgoto com o adensamento da região.
Os rios e os seus afluentes devem ser uma discussão à parte e permanente, como ocorreu na última segunda-feira, quando as bacias do Preto e do Paraibuna foram avaliadas durante um seminário promovido pelo comitê que trata desses dois rios. A situação dos afluentes é estratégica, pois boa parte deles tem seu leito comprometido por descarte irregular de lixo, esgoto e ocupações que repercutem também nas cidades.