Primeiro Plano: Confira crítica de ‘Família submersa’
Produção passada na Argentina mostra história de mulher sem tempo para o luto e tem exibição nesta sexta-feira, no Cinemais Alameda
Como lidar com o luto quando seguir em frente é preciso, até mesmo impossível de se evitar? Talvez esta seja a principal questão de “Família submersa”, coprodução Argentina/Brasil que tem exibição nesta sexta-feira (6), às 21h, no Cinemais Alameda, como atração de encerramento do quinto dia de exibições do Primeiro Plano – Festival de Cinema de Juiz de Fora e Mercocidades. O longa marca a estreia na direção de Lucrecia Martel, mais conhecida pelo seu trabalho como atriz em filmes como “A menina santa”, de 2004.
A personagem principal é Marcela (Mercedes Morán), que precisa encarar a morte repentina da irmã. Mas não há tempo para o luto, sofrer em silêncio, até mesmo ser amparada. O mundo não para, os compromissos não podem ser adiados. Ela precisa, por exemplo, dar fim a todos os pertences da irmã, encaixotar coisas, dividir bens. Ao mesmo tempo, os problemas domésticos vão surgindo, como a máquina de lavar roupas quebrada; e há o marido que precisa viajar a trabalho. E são três filhos em casa, cada um com problemas diferentes: uma chora o fim do namoro, outra quer um quarto só para si, e o filho está enrolado com os estudos.
É neste cenário sufocante que Marcela conhece Nacho (Esteban Bigliardi), amigo de uma de suas filhas, que é quem a ajuda com as questões da irmã e serve de respiro e alívio emocional (sentimental, talvez?). Ao mesmo tempo, o passado sempre parece estar presente – em vários momentos, que parecem recriar o clima de realismo fantástico típico da literatura latina, a protagonista se depara com parentes já mortos.
A história de “Família submersa” se desenvolve lentamente, sem grandes reviravoltas, e o espectador pode facilmente se identificar com a sensação de claustrofobia passada por Marcela, sempre cercada por várias pessoas, sempre com problemas a resolver, numa casa que parece não comportar a todos, a ponto da falta de tempo e espaço para o luto se transformar em mal estar físico. Com uma atuação ao mesmo tempo contida em sofrida, Mercedes Morán tem desempenho admirável e que merece ser conferido pelo público.
‘Família submersa’
Exibição do longa (91min), no Cinemais Alameda. Classificação Indicativa: 12 anos