Professores fazem show de música, educação e antropofagia

Profissionais de ensino formam banda e estreiam espetáculo em que misturam aula e arte nesta terça-feira (26) no Mascarenhas


Por Júlio Black

25/11/2019 às 17h35

Com a música como elemento de união, professores de várias disciplinas apresentam espetáculo que mistura música, educação e a Semana de 22 (Foto: Divulgação)

Um grupo de professores do ensino médio das redes estadual, particular e federal de ensino resolveu sair da saula de aula para juntar no palco duas de suas paixões, a música e o ato de ensinar. É com essa ideia, misturada com a proximidade do centenário do conceito de antropofagia de Oswald de Andrade e da Semana de Arte Moderna de São Paulo, que será celebrado em 2022, que a Banda dos Professores estreia nesta terça-feira (26), às 20h, no CCBM, o espetáculo “Reantropofágicos”.

Uma forma inusitada de levar cultura e conhecimento ao público de todas as idades. No repertório, músicas de Vinicius de Moraes, Elza Soares, Gal Costa, Chico César, Caetano Veloso e Villa-Lobos, entre outros, intercaladas por intervenções poéticas e conteúdos das mais diversas disciplinas, como filosofia, geografia, matemática, literatura, artes e história. Para ajudar na contextualização, o espetáculo terá as participações especiais de atores da Estação Palco e cenário criado por Stain.

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“A lógica do espetáculo é ser uma apresentação que tenha música, poesia e algumas falas didáticas de acordo com a disciplina de cada professor. Queremos apresentar um show em que as canções transmitam ao público uma mensagem”, explica Icaro Rodrigues, responsável pelo sax e parte dos vocais do grupo, formado ainda por Renato Alves (violão, guitarra e voz), Wallace Correa (teclados), Mário Barboza (baixo e voz), Larissa Oliveira (voz) e Rick Guilhem (percuteria). “O tema do espetáculo é uma análise da sociedade brasileria contemporânea a partir do conceito de antropofagia criado pelo Oswald de Andrade, trazendo para os dias atuais. Queremos que o público possa refletir sobre esse Brasil contemporâneo a partir dos modernistas.”

O repertório de “Reantropofágicos” foi escolhido, de acordo com Icaro, tendo como base o passo a passo dessa análise, dividida em três atos. Na primeiro, as músicas têm como ponto de partida a constituição do povo brasileiro (negro, indígena e o branco português); no segundo ato, a ligação é com o conceito de antropofagia, abrangendo de 1922 até o final da década de 1960; por fim, o ato final tem músicas que falam sobre a atual realidade brasileira.

Aproximação com os alunos

Icaro conta ainda que a Banda dos Professores surgiu há cerca de quatro anos, reunindo um grupo de docentes com diversas afinidades, incluindo a música – mas não necessariamente músicos profissionais. “Além da formação em letras, também sou formado em música pela Bituca, em Barbacena. Costumo dizer que a música é minha outra profissão, pois toco na Zé do Black e já participei da Orquestra de Jazz de Juiz de Fora. Já o meus colegas não tinham a música como profissão, mas experiências musicais em igrejas na adolescência, ou bandas de garagem, e se tornaram adultos que tinham a música como hobby. Agora, com a banda, estão lapidando esses talentos para levar qualidade para o público.”

Antes de decidirem montar o espetáculo, o que aconteceu este ano, os professores costumavam se reunir para tocar apenas em eventos nas escolas em que trabalham, ou de maneira informal para interpretar suas canções preferidas. “Nesses eventos escolares, escolhíamos músicas que tivessem relação com o tema do evento. As apresentações têm um caráter didático, a partir do discurso dos outros professores. Agora, com esse espetáculo, é que estamos fazendo essas adaptações, mesclando o discurso musical com o poético e didático.”

Além da união por conta de interesses em comum, a Banda dos Professores fez com que seus integrantes pudessem se aproximar ainda mais dos alunos, segundo Icaro. “Isso é muito legal, pois os alunos passam a nos ver não apenas como os detentores do conhecimento, aquela coisa mais formal. Aqueles que também tocam algum intrumentos falam que a gente deveria fazer um som juntos, ajuda a nos aproximarmos. É uma forma diferente de levar cultura, conhecimento e informação a esses meninos, que às vezes estão cansados daquela aula só expositiva, da rotina escolar, mesmo com toda nossa preocupação didática. Conseguimos ‘quebrar’ isso com as apresentações”, acredita.

Reantropofágicos
Nesta terça-feira (26), às 20h, no CCBM (Av. Getúlio Vargas 200)

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