Banda Martiataka lança álbum de inéditas
Primeiro álbum totalmente de inéditas desde 2012, ‘Fedora’ chega às plataformas de streaming nesta sexta-feira (18)
“Eu não sou gasolina, que se vai com o fogo / Sou eletricidade”. É assim, totalmente plugado na tomada, que o Martiataka está de volta ao jogo com “Fedora”, novo álbum da banda, que chega às plataformas de streaming nesta sexta-feira (18) após três singles que serviram como prévia do que estava por vir. O trabalho é o primeiro lançamento do sexteto desde o acústico “Coração & Tripas”, de 2014, e também o primeiro disco apenas com inéditas desde “Marginal”, lançado há distantes sete anos.
Quem não quiser conferir o novo petardo da banda apenas em estúdio, o show de lançamento está marcado para o próximo dia 26, às 15h, no Maquinaria. Na ocasião, além de colocar cem cópias do novo trabalho para aquisição dos fãs, o Martiataka vai tocar todas as 11 canções de “Fedora”, mais alguns clássicos e resgatar canções de “À moda do caos”, álbum que acabou de completar uma década. Vale lembrar que este também é o primeiro álbum com a formação atual: W. Del Guiducci (voz), Thiago “Jim” Salomão (baixo), Ruy Alhadas (teclados), João Paulo Ferreira (guitarra), João Reis (guitarra) e Victor Fonseca (bateria).
Cenário bucólico
Desta vez, a banda preferiu trocar o estúdio pelo sítio de Thiago Salomão em Cedofeita, distrito de Matias Barbosa. As gravações aconteceram em dois finais de semana de maio com produção de Maurício Ávila, que topou levar toda sua parafernália até lá. Já a pós-produção foi feita no estúdio Sonidus. “Estávamos pensando há algum tempo em não fazer em estúdio, queríamos algo em que pudéssemos ter mais liberdade, ainda que os dois álbuns anteriores tenham sido gravados no estúdio do Emmerson Nogueira, que é bem isolado de tudo”, explica. “Aí a gente ficava decidindo como ia fazer, onde, e surgiu a ideia de gravar no meu sítio, numa casa simples. Ela tem uma sala de estar que é toda de cimento queimado, e ela foi perfeita para tirar o som de bateria das salas de gravação dos anos 70 que o Victor e o Maurício estavam procurando.”
Thiago acrescenta que os outros instrumentos e os vocais foram gravados nos demais cômodos da casa, com baixo e bateria – mais parte dos teclados – sendo tocados basicamente “ao vivo”. “A gente já estava acostumado a gravar em dois finais de semana, mas essa mudança de local ajudou a sair da nossa zona de conforto, e o resultado foi um som mais orgânico”, acredita. “Estar no sítio resultou num ambiente ainda mais descontraído. Sentimos mais liberdade por ser um local meu, então não precisávamos nos preocupar com relógio; era dormir e acordar quando quisesse, gravar sem se preocupar com a hora, essa tranquilidade e relaxamento ajudou na criatividade. E também queríamos que tudo no álbum fosse gravado por nós, ao contrário dos outros trabalhos, em que tínhamos participação dos amigos.”
De acordo com Thiago Salomão, o Martiataka já chega ao estúdio com tudo praticamente amarrado, basicamente plugar os instrumentos e mandar – exceção feita a uma ou outra ideia de última hora, algo que gostariam de testar na hora da gravação. Porém, com um intervalo tão grande entre um e outro álbum de inéditas, eles tinham cerca de 30 músicas para chegar até as 11 que entraram no disco. “Como somos uma banda democrática, quando elas estavam mais ou menos elaboradas, a gente gravava de forma amadora nos ensaios. E então fomos ouvindo, eliminando algumas, e depois fizemos um painel em que todos apontavam suas favoritas; algumas foram escolhidas logo no início, e depois discutíamos as restantes. Ficaram apenas as 100% elaboradas pela formação atual, porque reflete nosso momento.”
Expectativa, ansiedade e confiança
“Fedora” é marcante por um caminhão de motivos. Entre eles, o primeiro trabalho em cinco anos, primeiro álbum de inéditas em sete e o primeiro com a formação atual. “Nós gravamos o ‘Coração & Tripas’, que só tinha duas inéditas, antes da saída do Fabrício. Com a entrada do João (Reis), começamos a perceber que iria sair um disco totalmente novo, e isso nos deu muita alegria, pois o último disco totalmente inédito havia sido o ‘Marginal’. Estávamos muito ansiosos para que isso acontecesse, com muitas expectativas, mas também havia a sensação de que estava tudo fluindo.”
Se “Coração & Tripas” chegou a ganhar a alcunha de “country gótico” só por diversão, indiscutivelmente era um trabalho que, por ser acústico, se distanciava da pauleira típica do grupo. Como pode ser classificado o novo álbum, então? “O ‘Fedora’ incorpora a elaboração dos trabalhos anteriores”, analisa Thiago. “Quem ouvir o acústico vai identificar um pouco desse trabalho, o mesmo com ‘À moda do caos’, que era mais punk. A gente estava conversando sobre isso e vimos um amálgama desses álbuns todos, seja o acústico, o punk, um rock mais elaborado. Não foi nada premeditado, foi mais uma consequência dessas referências.”
Quanto às influências externas – afinal, muito tempo se passou entre um álbum e outro, e dá para ouvir muita coisa nesse período -, o baixista tem certeza que elas igualmente marcam presença, até pela mudança na formação do Martiataka. “Acho que as referências do João Reis são diversas, e em muitos casos elas casaram com a banda. O Frango (Victor) é um cara que ouve música loucamente; eu também amo música, acompanho a evolução das bandas. Cada disco que ouvimos pode nos influenciar. O que tem de novo nesse álbum é que tivemos mais preocupação com os timbres, fossem eles de bateria, teclado, a preocupação com o trabalho das vozes, guitarra.”