Alça do viaduto deve desviar quatro mil veículos por dia

Inauguração aconteceu na tarde desta quarta; fluxo diário no elevado Augusto Franco chega a nove mil automóveis no sentido bairro/Centro


Por Sandra Zanella

11/09/2019 às 21h00- Atualizada 11/09/2019 às 21h18

Dezenove linhas das regiões Leste e Sudeste tiveram seus trajetos alterados a partir desta quarta, encurtando também o tempo de viagem (Foto: Felipe Couri)

Após 15 meses de obras e R$ 4,2 milhões investidos, a alça do Viaduto Augusto Franco foi aberta ao tráfego na tarde desta quarta-feira (11), com a expectativa de desafogar o trânsito no Centro de Juiz de Fora, desviando do entorno da Praça Antônio Carlos, diariamente, cerca de quatro mil veículos. Conforme contagem da Prefeitura, o fluxo total de automóveis que cruzam o elevado a cada 24 horas, saindo da Avenida Brasil, é de nove mil veículos. Antes da nova saída à direita, em direção à Rua Ângelo Falci e à Avenida Francisco Bernardino, entretanto, todos eram obrigados a seguir até o entroncamento com a Itamar Franco, fazendo o contorno até a Travessa Doutor Prisco para, enfim, chegar à Francisco Bernardino.

Pouco depois das 14h, o prefeito Antônio Almas (PSDB) saudou a memória do radialista José Vicente de Barros, que nomeia o novo equipamento urbano, dando aval para os agentes da Secretaria de Transporte e Trânsito (Settra) removerem os cones, liberando o trecho simplificado de acesso a um dos principais corredores de tráfego. Sob um sol escaldante, a solenidade de inauguração foi acompanhada por vereadores, secretários e dezenas de pessoas.

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Os primeiros veículos que estrearam o trajeto, saindo da Avenida Brasil, passando pelo viaduto e virando à direita na alça, foram dois ônibus urbanos: 412 (Parque Burnier) e 447 (Nossa Senhora de Lourdes). Além dessas, outras 19 linhas das regiões Leste e Sudeste tiveram seus trajetos alterados a partir desta quarta, encurtando também o tempo de viagem, já que não será mais necessário cruzar toda a extensão do Augusto Franco, contornar a Praça Antônio Carlos e virar na Doutor Prisco para chegar à Francisco Bernardino. Outra mudança que afeta os usuários do transporte coletivo urbano é referente aos pontos de parada, que agora estão divididos entre o antigo, situado em frente à Praça da Estação, e um novo, construído na Ângelo Falci, a poucos metros da saída da alça.

“É importante que o grande projeto de mobilidade feito para a cidade vá sendo concluído. E a alça é mais uma dessas ações para fazer com que as pessoas circulem melhor, não só os carros”, avaliou o chefe do Executivo. “Processo de gestão pública é contínuo: uns pensam, outros começam a obra e outros terminam.” Ele lembrou que Juiz de Fora “é atravessada pela linha férrea”: “Precisamos acabar com esses conflitos ou minorá-los”. Ainda sobre a ferrovia, Almas destacou que outras obras importantes para garantir a melhor circulação no município, como viadutos, serão incluídas no pacote de contrapartidas pela renovação por mais 30 anos do contrato de concessão com a MRS. O documento precisa ser encaminhado pelo Município à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) até a próxima sexta. “O planejamento faz parte de uma grande discussão feita em outros momentos”, afirmou, sem dar detalhes.

O tucano destacou, ainda, que as obras de mobilidade urbana são fruto de parcerias entre os governos municipal, estadual e federal. “A Prefeitura fica com a responsabilidade de garantir a execução. Já estamos retomando a construção do viaduto de Santa Teresa e fizemos a licitação para o dos Três Poderes.” O prefeito acredita que a alça Radialista José Vicente de Barros vai também contribuir para diminuição do tráfego, inclusive na Avenida Getúlio Vargas, devido aos novos trajetos. “Lógico que não teremos todo ganho que gostaríamos. Precisamos de muito mais. A cidade foi invadida pelo carro e precisamos trazer, cada vez mais, possibilidades para que o conflito entre veículos e pessoas seja minorado.”

Homenagem

Presente na inauguração, o filho primogênito do radialista José Vicente de Barros, o médico Rogério Cruzeiro de Barros, 63 anos, emocionou-se ao falar da homenagem ao pai. Popularmente conhecido como Zé de Barros, o profissional da comunicação trabalhou por mais de 50 anos na Rádio Super B-3, depois Solar AM e hoje CBN, com um programa de segunda a sexta-feira, de 5h às 7h. O radialista chegou a exercer um mandato como vereador e faleceu aos 84 anos, em 1º de outubro de 2016.

“Meu pai conseguiu o reconhecimento do povo trabalhando em uma rádio só, durante 55 anos, fazendo um programa sertanejo, em uma época que não era tão em moda como é hoje. Ele também prestava um serviço de utilidade pública, passando informações, como casos de falecimento. Foi sendo reconhecido e promoveu vários shows em Juiz de Fora, com duplas famosas, como Chitãozinho e Xororó. Agora, além de ficar eternizado pelo trabalho dele, vai ser lembrado em uma obra que vai propiciar aos moradores uma melhoria no trânsito, por coincidência, em um lugar que ele sempre passava para ir trabalhar. Ficamos muitos felizes.”

Aos 84 anos, o irmão do radialista, Messias Barros, não segurou as lágrimas. “A homenagem foi espetacular, pelo trabalho que ele fez.”

Novo trajeto elimina dois semáforos

O titular da Settra, Eduardo Facio, destacou que, além de encurtar a distância, a alça do Viaduto Augusto Franco vai eliminar a necessidade anterior que os motoristas tinham de passar por dois semáforos – na interseção com a Itamar Franco e no fim da Travessa Doutor Prisco – para chegar à Avenida Francisco Bernardino. “Todos os veículos que vêm hoje da ponte Carlos Otto e precisam se direcionar à Avenida Francisco Bernardino vão poder descer direto pela alça do viaduto. Pela nossa contagem, cerca de quatro mil por dia vão ter essa facilidade, evitando pegar dois cruzamentos semaforizados, com ganho de viagem muito grande.”

O benefício também atinge o transporte coletivo urbano, já que 21 linhas passam agora pelo novo acesso, sendo divididas em dois pontos de ônibus. “A população vai ter maior conforto no abrigo e no tempo de trajeto”, pontuou o secretário. No primeiro dia da mudança, usuários aprovaram a iniciativa, mas alguns ainda ficaram confusos diante da mudança no local de embarque. Eles alegam que a faixa fixada pela Prefeitura na Praça da Estação não ficou muito visível, por estar no lado oposto ao ponto. No entanto, agentes da Settra estiveram presentes orientando a população. A expectativa é de que eles permaneçam no local até a situação ser normalizada.

A professora Patrícia de Almeida, 50 anos, costuma pegar ônibus para dar aula em uma escola no Santo Antônio e confessou ter ficado um pouco perdida com a novidade. “Eu pegava em frente à Praça da Estação, e o agente me orientou a vir para cá. Colocaram uma faixa, mas a gente não repara. Se não fosse ele para alertar, eu estaria lá até agora esperando.” Enquanto aguardava coletivo para o Nossa Senhora de Lourdes, Mônica Valéria da Silva, 52, também precisou de ajuda.

Já Elizabeth da Silva de Paula, 59, desembarcou no novo ponto e achou “ótimo”. “Moro no Parque Burnier e vim no ônibus do Santo Antônio. Foi muito mais rápido do que quando dava a volta. E aqui temos mais segurança para atravessar.” O motorista de coletivo urbano Marcos Corrêa da Silva, 32, foi um dos primeiros a parar na saída da alça. “Vai ajudar bastante no trânsito, creio que vai encurtar a viagem em uns três, quatro minutos.”
O taxista Vanderlei Brugger, 59, compartilhou a mesma opinião: “Vai facilitar bastante e liberar o viaduto. Acho que vou ganhar uns cinco minutos.” A pedagoga Maria Tereza, 35, também aplaudiu a nova opção de trajeto após passar pelo trecho. “Com certeza vai fluir melhor o trânsito e desafogar o semáforo próximo ao quartel.”

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Pedestres encontram dificuldade e falta de sinalização

Embora várias reportagens da Tribuna já tenham denunciado a falta de sinalização para pedestres no Viaduto Augusto Franco desde quando as obras da alça estavam em andamento, a travessia pelo elevado continua causando dúvidas na população. O problema acontece porque a passarela ao lado da pista sentido Avenida Brasil/Itamar Franco segue o mesmo traçado que os veículos, desembocando na Francisco Bernardino, e não mais ligando a Brasil à Itamar Franco. O restante do trecho, que antes possibilitava esse acesso, foi interditado, mas quem sai da Itamar por esse lado encontra apenas uma grade com um cone, facilmente removíveis. Aqueles que se arriscam a passar pelo local acabam chegando “em um beco sem saída”, sendo obrigados a retornar ou a pular as muretas de proteção.

Foi o que aconteceu em pleno dia da inauguração com o motorista Augusto Ribeiro Gomes, 66 anos. “Sempre a passarela foi liberada, mas hoje tive que empurrar o portão. Depois vi que a passagem para pedestres estava fechada e precisei pular. É um absurdo.” Já o fiscal Welington Silva Ribeiro Gate, 32, saiu da Avenida Brasil já com a intenção de cruzar a pé o novo trecho da passarela até a Francisco Bernardino. “Eu trabalho com ônibus e já sabia dessa mudança. Antes eu teria que descer o viaduto e dar a volta para chegar.” Apesar de aprovar o novo trecho, ele criticou o fato de o restante da passarela ter sido fechado daquele lado. “Ficou horrível. Agora há pouco vi uma menina andando pela beiradinha, porque estava de saia e não conseguia pular o muro. Ela não sabia que teria que seguir pelo outro lado.”

Já os pedestres que transitam pela passarela na lateral da pista Itamar Franco/Brasil não encontram problemas, sendo esta agora a única opção para quem quer cruzar toda a extensão do viaduto a pé.

O titular da Settra, Eduardo Facio, explicou que a sinalização para pedestres “está colocada nas travessias próximas ao viaduto (por meio de faixas no asfalto), para que eles atravessem onde não há continuidade pelo viaduto e possam seguir pelo lado onde a travessia é permitida, à esquerda de quem está subindo da Ponte Carlos Otto para a Itamar Franco. Já do lado direito de quem vem da Carlos Otto, o pedestre pode subir pelo viaduto e descer pela lateral da alça.” Sobre o trajeto interrompido, ele não apontou outras possíveis melhorias na sinalização.

Convênio para obras de mobilidade é de 2011

A alça do Viaduto Augusto Franco é integrada às obras que formam o binário da Avenida Brasil. O secretário de Obras da PJF, Amaury Couri, lembrou que o convênio com o Governo federal foi feito em 2011, por meio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), no valor de R$ 81 milhões. “Já fizemos três pontes na Avenida Brasil, a Wilson Coury Jabour, a Luiz Ernesto e a Wandenkolk Moreira. Estamos inaugurando a quarta obra, que é a alça. No Tupynambás estão em execução dois viadutos, cuja parte principal, de R$ 13 milhões, é do Estado. É uma exceção nessas obras viárias, pois foi um convênio que precisou ser feito, mas os acessos também serão do Dnit. E foi licitado o Viaduto dos Três Poderes, que vai fazer binário com a Ponte Wilson Coury Jabour Júnior.”

A construção do Viaduto Engenheiro Renato José Abramo, no Santa Teresa, já deve contar com implantação dos acessos ao elevado na próxima semana, após a conclusão do reforço do solo para a contenção. O secretário disse não ser possível prever a conclusão dos trabalhos. “Por mais que, durante a fase de projeto, tentamos eliminar obstáculos, hoje em dia tem muita fibra ótica, fiação elétrica. Como passam em cima da linha férrea, há horários também mais limitados. São obras problemáticas no perímetro urbano. Aparecem problemas que costumam atrasar o tempo de execução.”

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