Jovem é condenado a 24 anos por roubar e matar idoso

Latrocínio foi praticado há cerca de dez meses na casa da vítima, no Bela Aurora, Zona Sul


Por Sandra Zanella

11/09/2019 às 14h13

Sebastião de Oliveira foi encontrado sem vida pelos familiares no Bela Aurora (Foto: Arquivo pessoal)

Um jovem de 19 anos foi condenado a 24 anos e dez meses de prisão, em regime inicialmente fechado, pelo latrocínio de Sebastião de Oliveira, 80 anos, e também por corrupção de menores. O idoso foi encontrado sem vida por familiares dentro de casa, na noite do dia 5 de novembro do ano passado, no Bairro Bela Aurora, Zona Sul de Juiz de Fora. A sentença, assinada pela juíza Rosângela Cunha Fernandes, da 1ª Vara Criminal, foi publicada no último dia 4, quase dez meses depois do crime de roubo seguido de morte.

O réu, Maycon Douglas Feliciano Santos, está preso no Ceresp de Juiz de Fora desde 19 de dezembro de 2018, segundo informou a assessoria da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). Ele teve negado o direito de apelar em liberdade, mas cabe recurso em segunda instância junto ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).

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Dois adolescentes que teriam participado do crime estão acautelados no Centro Socioeducativo e respondem pelo ato infracional na Vara da Infância e Juventude. Uma garota também é investigada por suposto envolvimento no caso. Ela frequentaria a casa de Sebastião desde criança e é suspeita de ter repassado as informações sobre a existência de dinheiro aos envolvidos. Segundo consta no processo, ela, inclusive, teria o costume de chamar o idoso de “avô”.

‘Encontro de cadáver’

A ocorrência havia sido registrada como encontro de cadáver pela Polícia Militar. Desde o início, entretanto, a família da vítima suspeitou que se tratava de morte violenta motivada por roubo. Sebastião apresentava lesões perfurocortantes no tórax e um corte contuso na cabeça. O atestado de óbito ainda apontou politraumatismo como causa do falecimento do aposentado. Parentes deram falta de todo o dinheiro, celular e aliança de ouro pertencentes a Sebastião.

O inquérito foi instaurado pela Delegacia de Homicídios, mas, ainda em novembro do ano passado, foi repassado à Especializada de Repressão a Roubos diante da hipótese de latrocínio. Como o roubo seguido de morte é considerado crime contra o patrimônio, e não contra a vida, o processo não corre no Tribunal do Júri, onde acontecem os julgamentos populares, sendo distribuído em uma das quatro varas criminais da comarca.

‘Sua alma pode descansar em paz’

Preocupada com o esclarecimento da morte de seu pai desde o início, uma filha de Sebastião, 46 anos, disse que a condenação significa que ainda é possível acreditar na justiça. “Meu pai não voltará jamais. O sofrimento que passou, não pude evitar. Mas ele (réu) sentirá um pouco da dor que nos causou e da dor que ainda sentimos. Meu pai não era um senhor sem família. Ele é querido por todos nós. Agora sua alma pode descansar em paz.”

Na sentença, a juíza destacou que Maycon confessou a prática do crime ao ser ouvido na delegacia, relatando ter combinado um furto na casa da vítima, junto com um dos adolescentes. Na versão inicial, eles teriam esperado a saída do morador para entrar na residência, mas teriam sido surpreendidos pelo retorno dele, cerca de uma hora depois, enquanto ainda reviravam o imóvel em busca de dinheiro. Eles teriam dado um golpe de gravata no aposentado e entrado em luta corporal, desferindo duas facadas contra ele. No primeiro relato, eles teriam dividido R$ 400 entregues pelo idoso. Já em juízo, a versão foi modificada, e o jovem afirmou não ter subtraído qualquer bem da vítima.

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Para a juíza, o réu agiu “com total frieza após a prática do delito, dizendo em seus depoimentos que ‘foi dar uma voltinha no Centro’ e que seguiu fazendo suas coisas de maneira ‘normal, porque sabia que não estava com nada'”.

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