Artista plástico João Magalhães morre aos 74 anos

Radicado no Rio de Janeiro, artista natural de Juiz de Fora era um dos mais respeitados professores do Parque Lage, onde lecionou por mais de 20 anos


Por Mauro Morais

16/08/2019 às 19h12

Artista, cenógrafo e professor, João Magalhães expôs no Brasil e na Europa, num currículo extenso. (Foto: João Paulo Racy/Divulgação)
Obra da série final de João Magalhães: ode ao barroco. (Reprodução)

Dourados, os últimos trabalhos apostaram no excesso de matéria, recusando os limites da tela. Pareciam troféus de tão dourados e de tão táteis. E poderiam ser: troféus por uma trajetória que se fez nos quadros e, sobretudo, nas salas de aula. Nascido em Juiz de Fora e radicado no Rio de Janeiro, o artista plástico João Magalhães morreu nesta quinta-feira (15), aos 74 anos. Vitimado por uma insuficiência respiratória, resultante de um enfisema pulmonar, o artista sai de cena menos de sete meses depois da perda da filha, a também artista Anna Priolli, de 23 anos, que não resistiu aos graves ferimentos causados por queimaduras sofridas em sua casa, em Ipanema, num incêndio de grandes proporções.

Reverenciado professor de pintura da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Jardim Botânico, na capital fluminense, João era mestre há mais de duas décadas, tendo formado diferentes gerações de artistas. Profissional respeitado, ele atuou no teatro e na música, criando cenários para espetáculos como “Água viva”, na TVE. Expoente da mostra “Como vai você, geração 80?”, que marcou a história do Parque Lage e das artes brasileiras, revelando talentos como Beatriz Milhazes e Daniel Senise, João era conhecido internacionalmente, e, em 1995, recebeu o prêmio Icatu das Artes, um dos mais importantes da área.

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“Deixou-nos sua arte, tão enorme quanto seu coração generoso e a certeza que o mundo, hoje, está mais feio, pobre e rude, sem a sua presença inspiradora, seu talento, seu humor crítico, sua elegância, cultura esclarecedora e brilhante inteligência”, escreveu, em depoimento emocionado, a artista plástica Andréa Facchini, na página do mestre no Facebook. “Seus últimos trabalhos, estavam a provocar nossos sentidos, tão luminosos, táteis, apetitosos, sensuais, escultóricos, belos, divinos… Tanto um elogio ao humano, quanto uma invocação à transcendência (aos anjos?), em todo seu barroquismo”, acrescenta a artista de Cataguases radicada em Niterói.

O velório de João Magalhães será realizado na capela C do Crematório da Penitência, no Caju, no Rio de Janeiro, neste sábado (17), das 8h30 às 11h30.

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