Há Godzillas por todos os lados, há Godzillas em tudo que eu vejo

Por Júlio Black

29/05/2019 às 08h05 - Atualizada 28/05/2019 às 14h11

Oi, gente.

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“Godzilla II: Rei dos Monstros” chega aos cinemas nesta quinta-feira (30) com os fãs em polvorosa. Afinal, além do famoso lagartão sexagenário, teremos a presença de King Ghidorah, Rodan, Mothra e mais um verdadeiro “quem é quem” de kaijus passeando pela tela e Terra e detonando geral. A promessa é de destruição raramente vista nos blockbusters, com os danados arrasando cidades da mesma forma que nós podemos derrubar um castelo de cartas com um peteleco.

Para os aficionados pelo gênero “monstros japoneses que a tudo destroem”, a espera entre o primeiro e segundo “Godzilla” (cinco anos!) foi longa, mas por sorte a Netflix começou a disponibilizar no início de 2018 uma trilogia em animação produzida pela Toho, empresa dona dos direitos do personagem criado em 1954 devido ao trauma ainda recente das bombas atômicas sobre o Japão (Segunda Guerra Mundial, conhece? Vá ler sobre o assunto, precisamos que a galera aprenda História).

Espertos que somos, esperamos a terceira parte chegar ao serviço de streaming para assistir a tudo o mais próximo possível da estreia de “Godzilla II: Rei dos Monstros”, e assim ficarmos no clima. Mesmo não sendo a melhor história com o lagartão, a nova interpretação da criatura titânica tem muitas qualidades, deixa o espectador tenso em vários momentos e continua a servir como reflexão sobre o que a humanidade tem feito com este único mundinho que temos.

Batizada – pela ordem – como “Planeta dos Monstros”, “Cidade no limiar da batalha” e “O devorador de planetas”, a trilogia incorpora novos elementos para contar uma história que começa no final dos anos 90. De repente, não mais que de repente, vários monstros surgem pelo mundo e destroem tudo que está pela frente. Um deles é Godzilla, que além de passar o rodo nos rivais é invulnerável ao poderio bélico da raça humana, resistindo até a um ataque com 150 ogivas nucleares disparadas de uma só vez.

É no meio desse momento de desespero que duas raças alienígenas, os Exifs e os Bilusaludos, aparecem oferecendo ajuda – os primeiros tentando converter a humanidade a sua religião, os outros oferecendo tecnologia que poderia destruir Godzilla em troca de asilo. Com a ajuda dos Bilusaludos, a raça humana até começa a construir o Meca-Godzilla, mas este é destruído pelo Rei dos Monstros antes de ser ativados. Sem escolha, o que restou da humanidade e os alienígenas são forçados a fugir da Terra em busca de um novo lar, deixando o planeta ao bel prazer de Godzilla.

Vinte anos depois e a onze anos-luz do lar, sem encontrar um planeta compatível e com poucos recursos para manter todo mundo vivo, a única solução é retornar à Terra e ver se é possível reabitá-la. O problema são as leis da física (Teoria da Relatividade, coisa e tal), e ao chegar ao planeta as três espécies descobrem que se passaram 20 mil anos na terceira pedra ao redor do Sol, com Godzilla sendo a criatura dominante e toda a fauna e flora adaptada ao super lagarto.

A solução, então, é enviar um grupo de 600 pessoas – do total de quatro mil sobreviventes – para tentar destruir Godzilla em seu ponto fraco. A missão é bem-sucedida em relação ao lagartão que eles encontraram, até descobrirem que o Godzilla original virou um mega über monstro de inacreditáveis 300 metros de altura, capaz inclusive de explodir a nave em órbita com seu sopro atômico se mirar para o céu. Dentre os sobreviventes está Haruo Sakaki, que viu seus pais morrerem antes da fuga para o espaço e está cheio de desejo de vingança.

O rapaz acaba tornando-se o líder da tropa sobrevivente, que terá que encontrar meios de conseguir o que agora se acredita impossível: destruir um titã do tamanho de um arranha-céu de cem andares, sem saber que há um perigo ainda maior escondido entre os tantos segredos que as raças alienígenas guardaram nas duas décadas – além de outras surpresas que não podemos contar.

A trilogia animada de Godzilla tem alguns defeitos, como o ritmo arrastado em determinados momentos, diálogos expositivos ao estilo Christopher Nolan e gambiarras no roteiro dignas de um episódio do Scooby-Doo, mas tem qualidades suficientes para agradar aos fãs e desavisados que toparem com a animação no menu da Netflix. Um dos pontos altos do anime são os efeitos especiais e os cuidados com o design de produção, bem caprichado. As cenas de ação impressionam pela agilidade e velocidade, o visual é deslumbrante, e Godzilla, principalmente o de 300 metros de altura, é um bichão que dá medo de verdade, uma massa de músculos que mais parece uma rocha ambulante.

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Além da parte técnica, a trilogia conta com uma história interessante e leva o clássico lagartão para caminhos não imaginados, além de discutir temas como a forma com que tratamos nosso planeta – e as consequências advindas dessa irresponsabilidade -, nossa insignificância em relação ao tamanho do universo e o passar dos séculos, sacrifício pessoal, religião, ética, e por aí vai.

A trilogia de Godzilla na Netflix é um belo aperitivo antes da estreia do 35º filme estrelado pelo personagem, ou uma sobremesa supimpa para quem quiser mais do monstrengo depois que for ao cinema.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

(Ah, o final de “Game of Thrones” só piora com o passar dos dias, tá? Já passamos da resignação para a raiva, daqui a pouco chega o ódio)

Júlio Black

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