Calvário alvinegro


Por Gabriel Ferreira Borges

21/05/2019 às 07h14

Ademir Fonseca, por fim. Se a temporada do Tupi começou de maneira melancólica, se encerrará de modo agonizante. Como bem disse em depoimento, Ademir iniciará a terceira passagem por Santa Terezinha, “infelizmente, sempre em situações muito difíceis”. Sob a presidência de Myrian Fortuna, a diretoria carijó acumula apostas, em momentos delicados, sem quaisquer direções. Aílton Ferraz serviria, bem como Gérson Evaristo e Beto Sousa. No entanto, desfaleceram. Ademir chegará, nesta terça (21), em Juiz de Fora, para lidar com a permanente crise do futebol. Em ano eleitoral, pois.

Seja por Nicanor Pires ou André Luiz, a escolha por treinadores é norteada apenas pela capacidade de mobilização do vestiário pelos mesmos. Ora, se os jogadores do Tupi necessitam constantemente de estímulos para reações mentais, os problemas em Santa Terezinha, logicamente, são maiores. Em 2018, Aílton assumira o Tupi em vias de rebaixamento para a Série D. Em fevereiro, a situação se repetiu com Gérson, embora a luta fosse contra o descenso no Mineiro. Ademir assume para evitar novo rebaixamento, diga-se; em caso de desclassificação, o Tupi estará ausente de competições nacionais em 2020 e 2021.

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As decisões da cúpula de futebol são tomadas em guerras de foice no escuro. Obscuro, o mandato de Myrian Fortuna é uma sucessão de erros. Em agremiações interioranas, equívocos em massa são, financeiramente e esportivamente, determinantes. Contudo, a perda do elo com a comunidade é trágico. Embora simbólico, o afastamento dos torcedores do Mário Helênio é reversível; entretanto, a eventual ausência de identificação com o Tupi é cruel. Mais do que deixar de estar, não pertencer é definitivo. Maior ídolo recente do Carijó, Ademilson foi, em vão, a tentativa derradeira de reaproximação.

À margem da relação com os carijós e eleições presidenciais à vista, as cartas já estão sendo dadas nos bastidores da José Calil Ahouagi. Mandatário entre 1999 e 2004, José Luiz Mauler Júnior, líder do Conselho Deliberativo e apoiador de Myrian no último pleito, é candidato; Cloves Santos, ex-dirigente, é outro. Alguns personagens também sondam a viabilidade de uma terceira candidatura. Nenhum dos candidatos, entretanto, é unanimidade. Enquanto isso, a torcida tem, no mínimo, mais 270 minutos de temporada melancólica. Calvário alvinegro.

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